A grande diversidade de doenças que ocorrem nas culturas agrícolas torna o manejo integrado de doenças uma estratégia obrigatória para um controle eficiente e sustentável. Porém a dimensão das áreas de cultivo, obriga os produtores a priorizarem aspectos gerenciais e operacionais em detrimento de programas eficientes de controle das doenças.
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O controle químico, devido a facilidade de manuseio e aplicação, é uma das ferramentas mais utilizadas. No entanto, nas últimas safras está sendo observado uma redução na eficácia para controle de patógeno devido à perda de sensibilidade e resistência.
Como reduzir a severidade das doenças?
O grande desafio neste caso é o desenho de estratégias tecnicamente embasadas, mas que não conflitam com decisões operacionais ou administrativas. Neste sentido, além da resistência genética e do controle biológico, a nutrição de plantas e a indução de resistência são práticas que têm sido aplicadas para a reduzir a severidade das doenças.
O papel da nutrição no manejo integrado de doenças:
Embora a resistência e a tolerância sejam controladas geneticamente, o ambiente exerce grande influência sobre ambas. A nutrição da planta representa um fator ambiental que pode ser facilmente manejada, considerando as decisões operacionais e administrativas do produtor.
A nutrição provoca mudanças na anatomia, morfologia e fisiologia da planta, a qual altera consideravelmente sua resposta ao ataque de microrganismos patogênicos. Além disso, vários mecanismos bioquímicos relacionados à sua defesa são extremamente dependentes de seu estado nutricional.
De maneira geral, plantas bem nutridas, com adubação equilibrada em macro e micronutrientes são naturalmente mais resistentes às doenças. Um exemplo bem comum de ser visualizado a campo são os sintomas severos de Cercospora kikuchii em plantas de soja com deficiência de potássio (Figura 1).
Figura 1. Plantas de soja deficientes em potássio ficam mais suscetíveis a Cercospora kikuchii. Foto: Marlon T. Stefanello.
A importância da indução de resistência no manejo
A indução de resistência, pelo uso de agentes bióticos (microrganismos) ou abióticos (fatores químicos) apresenta um grande potencial para serem incluídos no manejo integrado de doenças. Ela é caracterizada pela ativação dos mecanismos de defesa inerentes a planta. Essa, após ser submetida ao tratamento com uma substância ou organismo indutor, é capaz de expressar respostas morfológicas, fisiológicas e bioquímicas que limitam a atividade do patógeno em seus tecidos (Agrios, 2005). Esse estado intensificado de resistência confere proteção contra muitos patógenos, incluindo fungos, bactérias, vírus, nematoides, plantas parasitas e insetos fitófagos.
A proteção pode ser limitada ao local de aplicação do agente indutor ou ainda, sistêmica quando ela é expressa em locais não expostos diretamente por ele. A indução de resistência atua sobre a planta, imunizando-a, ao invés de atuar diretamente sobre o patógeno, como fazem os fungicidas. Considerando o ciclo das relações patógeno-hospedeiro, a indução de resistência inibe a penetração, mas, principalmente, a colonização pelo patógeno (Figura 2).
Figura 2. Detalhe do ciclo das relações patógenos-hospedeiro que será inibido pela indução de resistência.
Através do modo de ação do indutor de defesa em inibir a penetração e colonização do patógeno, torna-se fundamental a realização de aplicações preventivas do indutor de defesa, para que a planta esteja com capacidade de defesa para barrar a infecção do patógeno. O conhecimento do modo de ação e espectro de atividade é indispensável para a escolha do indutor e do momento mais adequado para a sua aplicação.
A nutrição equilibrada de plantas e a utilização de indutores de defesa representam importantes estratégias, pois nutrir e defender a planta promove melhor sanidade da lavoura. Essas estratégias são tecnicamente embasadas e não conflitantes com as decisões operacionais ou administrativas do produtor. Além disso, elas devem ser integradas com as demais práticas de manejo, a fim de possibilitar a planta expressar o seu potencial produtivo.
Referências bibliográficas
AGRIOS, G. N. Plant pathology. 5.ed. San Diego:Academic, 2005. 922p.
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