Papel das Reservas do Colmo no Enchimento de Grãos de Milho

O potencial produtivo de uma cultura é definido por uma série de fatores que interagem entre si afetando a dinâmica de crescimento da planta, podendo ou não limitar sua produtividade. No caso no milho (Zea mays), é possível afirmar ainda, que alguns órgãos e estruturas da planta estão diretamente relacionadas com a produtividade da cultura, podendo esses exercer forte influência no potencial produtivo da cultura, afetando seus componentes de produtividade . Um desses órgãos é o colmo do milho, que além de função estrutural, também atua como órgão de reserva, e passa a ser uma importante fonte de carboidratos para o enchimento dos grãos, via processo de translocação.

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A capacidade de planta em acumular carboidratos e translocá-los para os grãos está diretamente relacionada com a capacidade fotossintética da planta, estando ainda condicionada a fatores como a disponibilidade hídrica. Entre os estádios V10 a V12 ocorre a definição do número de fileiras de grãos por espiga, influenciado pela característica genética da cultivar (Fagherazzi, 2015). O estresse hídrico nessa fase pode inibir a elongação das células em desenvolvimento, afetando o comprimento dos internódios do caule e, com isso diminuindo a sua capacidade de armazenagem de açúcares no colmo (Magalhães & Durães, 2006).

Na fase reprodutiva do desenvolvimento do milho (R3), ocorre o início da transformação dos açúcares em amido, contribuindo assim, para o incremento de matéria seca. Tal incremento ocorre devido à translocação dos fotoassimilados presentes nas folhas e no colmo para a espiga e grãos em formação (Magalhães & Durães, 2006). Magalhães & Durães (2006) ainda destacam que a eficiência dessa translocação, além de ser importante para a produção, é extremamente dependente de água.

Além do acúmulo de açucares, o colmo representa importante parcela da matéria seca acumulada na planta de milho (figura 1), ficando atrás somente dos grãos durante o período reprodutivo da cultura. Em contrapartida, a ocorrência de déficits hídricos nesse período pode além de reduzir a produtividade da cultura, afetar a estrutura da planta, enfraquecendo seus tecidos. Em algumas situações, a redução da atividade fotossintética e a intensa translocação de carboidratos do colmo para a espiga resultam num enfraquecimento dos tecidos do colmo, tornando-os mais suscetíveis ao ataque de patógenos causadores de podridão

Figura 1. O acúmulo de matéria seca nas partes da planta que estão acima da superfície do solo continua a uma taxa diária praticamente constante até próximo da maturidade.

taxa de matéria seca

Fonte: Ritchie; Hanway; Benson (2003)

Além do déficit hídrico, a redução da capacidade fotossintética, especialmente em função da redução da área foliar fotossintéticamente ativa, pode afetar o acúmulo de carboidratos no colmo e consequentemente translocação deles para os grãos, afetando negativamente a produtividade da cultura.

Para obtermos uma produção de colmos sadios, bem desenvolvidos e com reservas de carboidratos devemos adotar algumas estratégias de manejo como por exemplo o uso de biorreguladores. Os biorreguladores compostos por auxina, citocinina e giberelina, em proporções equilibradas, favorecem o desenvolvimento do colmo em diâmetro, no comprimento do entrenó e na capacidade de armazenamento de carboidratos (reservas estratégicas da planta para o enchimento de grãos em situações relacionadas a baixas taxas fotossintéticas).

trabalho do professor Evandro Fagam da UNIPAM sobre Stimulate em V4 para aumento da massa seca do caule

Logo, pode-se concluir que além de atuar na sustentação da planta de milho, o colmo desempenha papel determinante no enchimento de grãos através da translocação de carboidratos, podendo inclusive, apresentar relação com componentes de produtividade como massa de grãos. Por isso, adotar estratégias de manejo visando as reservas do colmo é essencial para favorecer a duração da área foliar e o enchimento de grãos.

Referências:

COSTA, R. V.; CASELA, C. R.; COTA, L. V. PODRIDÕES DO COLMO E DAS RAÍZES. Agência Embrapa de Informação Tecnológica.

DURÃES, F.O.M. LIMITAÇÕES FISIOLÓGICAS DO MILHO NAS CONDIÇÕES DE PLANTIO NAS REGIÕES TROPICAIS BAIXAS. 2007. Embrapa Milho e Sorgo, Artigo em Hypertexto.

FAGHERAZZI, M. M. RESPOSTAS MORFO-AGRONÔMICAS DO MILHO À APLICAÇÃO DE TRINEXAPAC-ETHYL EM DIFERENTES ESTÁDIOS FENOLÓGICOS E DOSES DE NITROGÊNIO. Dissertação de Mestrado, Universidade do Estado de Santa Catarina, 2015.

MAGALHÃES, P. C.; DURÃES, F. O. M. FISIOLOGIA DA PRODUÇÃO DE MILHO. Embrapa, Circular Técnica, n. 76, 2006.

RITCHIE, S. W.; HANWAY, J. J.; BENSON, G. O. COMO A PLANTA DE MILHO SE DESENVOLVE. POTAFOS, Arquivo Agronômico, n. 15, 2003.

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