Visando a obtenção de altas produtividades de soja, além do adequado posicionamento de cultivares e manejo fitossanitário, é necessário um bom manejo nutricional a fim de suprir todas as exigências da cultura, sem que ocorram deficiência nutricional que possam impactar negativamente ou limitar a produtividade da soja.
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Exigências nutricionais
Para melhor compreensão do manejo nutricional, os nutrientes requeridos pela soja podem ser divididos em dois grandes grupos conforme a quantidade requerida pela cultura. Os macronutrientes são aqueles requeridos em maiores quantidades pela planta, enquanto os micronutrientes são aqueles requeridos em menores quantidades.
Podem ser considerados macronutrientes: Nitrogênio (N); Fósforo (P); Potássio (K); Cálcio (Ca); Magnésio (Mg) e Enxofre (S). Já os micronutrientes essenciais são: Cobre (Cu); Ferro (Fe); Cobalto (Co); Manganês (Mn); Zinco (Zn); Boro (B); Molibdênio (Mo) e Cloro (Cl) (Sfredo & Borkert, 2004).
Embora a exigência nutricional da soja possa variar de acordo com a cultivar, valores médios, pré-estabelecidos podem auxiliar no manejo nutricional da cultura. A absorção e exportação de nutrientes pela cultura da soja podem ser observadas na tabela 1.
Tabela 1. Quantidade absorvida e exportação de nutrientes pela cultura da soja.
Observe que à medida que aumenta a matéria seca produzida por hectare, a quantidade de nutrientes nos restos culturais da soja não segue modelo linear. Fonte: Embrapa (2008)
A demanda nutricional da soja pode variar de acordo com seu estádio de desenvolvimento. Conforme observado por Oliveira Junior et al. (2016), com base na marcha de absorção de nutrientes pela cultura da soja, a maior absorção ocorre durante o período reprodutivo da soja. Corroborando essa afirmação, Zanon et al. (2018) destacam que o subperíodo do enchimento de grãos é um período de rápido acúmulo de matéria seca e nutrientes nos grãos. Logo, a ocorrência de déficits nutricionais pode resultar e limitação da produtividade da soja.
Deficiência nutricional na soja
As deficiências nutricionais expressas pela cultura da soja são uma resposta da planta a baixa disponibilidade de um determinado nutriente. Normalmente os sintomas visuais de uma deficiência nutricional são perceptíveis nas folhas da cultura. Em virtude de características de mobilidade dos nutrientes no floema, algumas deficiências são mais perceptíveis em folhas jovens, enquanto outras nas folhas mais velhas da planta.
Figura 1. Posicionamento dos sintomas visuais de deficiências nutricionais com base na mobilidade dos nutrientes.
Fonte: Mais Soja
As características visuais oriundas das deficiências nutricionais são diversas em decorrência das diferentes funções bioquímicas e fisiológicas desempenhadas pelos nutrientes na planta, variando desde a clorose das folhas até a queima dos bordos das folhas ou necrose das folhas.
Além dos típicos sintomas visuais, uma deficiência nutricional limita o crescimento e desenvolvimento vegetal. Mesmo que os demais nutrientes estejam presentes em grandes quantidades no solo e prontamente disponíveis para as plantas, a carência de um nutriente essencial limita a produtividade da cultura. Fato popularmente conhecido como Lei de Liebig ou Lei do Mínimo.
Oferta de nutrientes e disponibilidade
Para suprir a demanda nutricional da cultura, além de conhecer seu requerimento, é necessário analisar os níveis/teores nutricionais presentes no solo. A maneira mais eficaz e usual para isso é por meio da análise química da fertilidade do solo.
Embora as recomendações técnicas para interpretação dos resultados obtidos na análise química da fertilidade do solo possam variar de acordo com a região e orientações técnicas presentes nos manuais de adubação e calagem, a análise química continua sendo um dos principais e mais usuais meios de identificar deficiências nutricionais, antes que a cultura expresse sintomas de deficiência. A análise foliar também pode ser uma ferramenta para identificação dos teores nutricionais, entretanto, com o intuído de correção dos nutrientes na safra posterior.
Seguindo as orientações da interpretação da análise química da fertilidade do solo ou análise foliar, a oferta de macro e micronutrientes deve suprir as exigências da cultura e expectativa de produtividade, sendo necessário ainda, realizar a adubação de manutenção da fertilidade do solo, após corrigidos os níveis nutricionais. Além da adequada oferta de nutrientes, visando reduzir os déficits e deficiências nutricionais, é essencial garantir que os nutrientes aportados ao sistema estejam disponíveis para a cultura.
Um dos principais fatores limitantes da disponibilidade de nutrientes para as plantas é o pH do solo. Conforme observado por Gitti; Roscoe; Rizzato (2019), a disponibilidade dos nutrientes do solo varia em função do seu pH. Logo, solos com pH inadequado podem resultar em déficits nutricionais mesmo com grandes quantidades de nutrientes, em virtude da baixa disponibilidade deles para as plantas, o que como principal consequência, reduz o crescimento vegetal, limitando a produtividade e resultando na expressão de deficiências nutricionais.
Figura 2. Disponibilidade de nutrientes em função do pH do solo.
Fonte: Embrapa (2013), Apud. Gitti; Roscoe; Rizzato (2019)
Com base nos aspectos observados, alguns dos principais cuidados que se deve ter com a lavoura visando o manejo de deficiências nutricionais é garantir a quantidade e disponibilidade de nutrientes necessário para o bom crescimento, desenvolvimento e produtividade da soja, monitorando os níveis nutricionais por meio da análise química da fertilidade do solo e/ou análise foliar, seguindo as recomendações técnicas para a cultura. Consulte um Engenheiro Agrônomo.
Referências:
EMBRAPA. TECNOLOGIA DE PRODUÇÃO DE SOJA. Sistema de Produção, Embrapa Soja, 2008.
GITTI, D. C.; ROSCOE, R.; RIZZATO, L. A. MANEJO E FERTILIDADE DO SOLO. Fundação MS, Tecnologia e Produção: Soja: 2018/2019, 2019.
OLIVEIRA JUNIOR, A. et al. ESTÁDIOS FENOLÓGICOS E MARCHA DE ABSORÇÃO DE NUTRIENTES DA SOJA. Embrapa, Fortgreen, 2016.
SFREDO, G. J.; BORKERT, C. M. DEFICIÊNCIAS E TOXIDADES DE NUTRIENTES EM PLANTAS DE SOJA: DESCRIÇÃO DOS SINTOMAS E ILUSTRAÇÃO COM FOTOS. Embrapa, Documentos, n. 231, 2004.
ZANON, A. J. et al. ECOFISIOLOGIA DA SOJA: VISANDO ALTAS PRODUTIVIDADES. Santa Maria, ed. 1, 2018.
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