Nematoides parasitas de plantas são vermes microscópicos que desenvolvem uma relação parasitária obrigatória com os hospedeiros. Os nematoides no algodoeiro atingem a superfície das raízes, e inserem lentamente o estilete (aparelho bucal), e se alimentam do conteúdo das células raízes, o que causa mortalidade celular e tecidual. Estima-se que os fitonematoides causam uma perda anual na produção agrícola de 14%.
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Os nematoides fitopasasitas que causam danos ao algodoeiro são os de solo: nematoides das galhas (Meloidogyne incognita ), o nematoide reniforme (Rotylenchulus reniformis) e o nematoide das lesões (Pratylenchus brachyurus).
Figura 1 – Nematoides Rotylenchulus reniformis em raízes de algodão.
Também, o nematoide da parte aérea (Aphelenchoides besseyi) (Figura 2) tem causado danos importantes em algumas regiões do Brasil (Mato Grosso e Rondônia).
Algodoeiro infectado por Aphelenchoides besseyi. Pouca ou nenhuma estrutura reprodutiva é retida pela planta. Foto. Rafael Galbieri.
Rotylenchulus reniformis, é difundido em regiões tropicais e subtropicais, e essa espécie infesta aproximadamente 15% da área de cultivo de algodão do Mato Grosso, chegando a quase 40% na região sul do estado. Embora R. reniformis possa ser encontrado em uma variedade de texturas de solo, ele se reproduz melhor em solos de textura fina, principalmente com predomínio de silte.
O Meloidogyne incognita é amplamente difundido e um importante patógeno em áreas de produção de algodão, causando danos diretos e aumentando a incidência e severidade de outras doenças radiculares, em particular a murcha de Fusarium. Adicionalmente tem ampla, capacidade de sobrevivência em várias espécies de plantas hospedeiras, e as perdas de produtividade de fibra ocorrem principalmente em ambientes de solos arenosos com baixa fertilidade. Adicionalmente, o sistema de rotação entre soja/algodão beneficia a maior população de Meloidogyne incognita, ou seja, principalmente em solos arenosos deve-se evitar o cultivo contínuo de soja/algodão, sendo necessário a inserção de outras plantas nos sistemas, preferencialmente gramíneas.
Umas das principais estratégias para melhorar a convivência do algodoeiro com os nematoides é o uso de cultivares com maior tolerância ou resistência a esses vermes, além de associar outras estratégias de controle. Normalmente a maior tolerância das cultivares aos nematoides está associada ao maior volume radicular, mas ainda são poucas as cultivares com tolerância ou resistência aos principais nematoides da cultura. A rotação de culturas, com espécies de baixo fator de multiplicação de nematoides e maior tolerância também é uma importante estratégia, nesses casos pode ser citado as crotalárias por exemplo.
O uso de nematicidas biológicos também tem apresentado bons resultados para o manejo de nematoides na cultura do algodoeiro, mas os resultados tem sido melhores quando associados a práticas de conservação do solo, como o Plantio Direto. Dessa forma a rotação de culturas e inserção de plantas com alta capacidade de aportar carbono do solo, melhoram o teor de matéria orgânica do solo, aumenta a atividade microbiana do solo, o que favorece ao aumento dos inimigos naturais do fitonematoides, beneficiando o controle biológico. Ou seja, para a melhor convivência do algodoeiro com os fitonematoides é necessário o uso combinado de diferentes técnicas, e não apenas uma delas de forma isolada.
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