Mesmo estando o termo “ferrugem”, muito associado a cultura da soja, diferentes tipos de ferrugem também acometem o milho, integrando o grupo das principais doenças.
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Impulsionado principalmente pela monocultura do milho, pela baixa eficiência do programa de rotação de culturas, alterações climáticas e sistemas de manejo, a incidência de doenças no milho tem crescido nos últimos anos. Como principais consequências, temos a redução da produtividade e qualidade dos grãos ou sementes produzidas.
Embora diversos patógenos possam causar injurias na cultura do milho, atuando como agentes causais de doenças, como para a grande maioria das culturas agrícolas, as doenças fúngicas (causadas por fungos), estão entre as principais doenças que acometem o milho.
Segundo Sabato & Tavares (2014), basicamente são três as ferrugens com maior expressão que incidem sobre o milho, sendo elas: ferrugem-comum (causada pelo fungo Puccinia sorghi); Ferrugem polissora (Puccinia polysora) e a Ferrugem Tropical ou Ferrugem Branca (Physopella zeae). Os danos variam em função da doença e severidades, sendo possível observar significativas perdas de produtividades.
Ferrugem-comum (Puccinia sorghi)
Causada pelo fungo Puccinia sorghi, o qual é considerado um parasita obrigatório e apresenta ciclo completo, a doença é favorecida por condições de temperatura amena, variando entre 16°C a 23°C, além de alta umidade relativa do ar e altitudes superiores a 900 metros (Pinto; santos; Wruck, 2006).
Os principais sintomas são a formação de pústulas na parte área da planta, sendo mais abundantes nas folhas do milho. A ferrugem-comum contrasta com a ferrugem-polissora por apresentar pústulas formadas em ambas as superfícies da folha, apresentando formato circular a alongado, com rápido rompimento (Casela; Ferreira; Pinto, 2006).
Figura 1. Sintomas típicos de ferrugem-comum em milho
Como principais medidas de controle, pode-se destacar o uso de cultivares resistentes, e o controle preventivo com o emprego de fungicidas registrados para a cultura.
Ferrugem polissora (Puccinia polysora)
Diferindo da ferrugem-comum principalmente por apresentar formação de pústulas somente na face superior das folhas de milho, a Ferrugem polissora se destaca por apresentar grande capacidade em causar danos. No Brasil, foram já determinados danos de 44,6% à produção de milho pelas ferrugens branca e polissora, sendo a maior parte atribuída a P. polysora (Casela; Ferreira; Pinto, 2006).
Como principais sintomas, tem-se a formação de pústulas ovais de coloração marro clara, principalmente na parte superior das folhas da planta (figura 2). Cabe destacar que a doença é dependente da altitude, ocorrendo em maior intensidade em áreas com altitude inferior a 700m. Assim como para a ferrugem-comum, as principais medida de controle contemplam o uso de cultivares resistentes e o emprego de fungicidas registrados para a cultura.
Figura 2. Sintomas típicos de Ferrugem polissora em milho
Ferrugem Tropical ou Ferrugem Branca (Physopella zeae)
Causada pelo fungo Physopella zeae, a incidência da doença é superior em áreas de monocultivo do milho e áreas de pivô. Segundo Casela; Ferreira; Pinto (2006), a formação de pústulas brancas ou amareladas em pequenos grupos, de 0,3 a 1,0mm de comprimento, na parte superior da folha, em paralelo com as nervuras, são sintomas típicos da ferrugem branca.
A doença tem seu desenvolvimento favorecido por condições de elevada umidade e temperaturas amenas á altas, apresentando maior capacidade adaptativa em comparação a ferrugem polissora (Pinto; Santos; Wruck, 2006).
Figura 3. Pústulas de coloração esbranquiçada e aspecto pulverulento, características da ferrugem branca do milho
As principais medidas de controle são o uso de cultivares com resistência genética, o manejo e controle de plantas voluntárias e/ou hospedeiras do fungo, e o controle químico com o uso de fungicidas.
Embora não tão preocupantes em comparação com a ferrugem asiática da soja, caso não sejam manejadas e controladas adequadamente, as ferrugens do milho podem causar significativas perdas produtivas. Logo, o emprego de fungicidas na cultura do milho é fundamental para garantir a manutenção da produtividade e potencial produtivo da cultura. Atrelado a isso, o bom manejo de plantas daninhas no período entressafra, assim como o bom posicionamento de cultivares, aliados a uma boa nutrição de plantas são estratégias fundamentais para reduzir a incidência e danos das ferrugens em milho.
Referências:
CASELA, C. R.; FERREIRA, A. S.; PINTO, N. F. J. A. DOENÇAS NA CULTURA DO MILHO. Embrapa, Circular Técnica, n. 83, 2006.
PINTO, N. F. J. A.; SANTOS, M. A.; WRUCK, D. S. M. PRINCIPAIS DOENÇAS DA CULTURA DO MILHO. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, 2006.
SABATO, E. O.; FERNANDES, F. T. DOENÇAS DO MILHO (Zea mays L.). Sociedade Brasileira de Fitopatologia, 2014.
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