Com importância econômica e sustentável, o milho é uma das principais culturas agrícolas cultivada em território nacional, inserida no sistema de rotação de culturas com a soja, ou no cultivo de verão. Embora possua diferentes finalidades, o cultivo voltado a produção de grãos predomina na maioria das propriedades agrícolas.
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Como também desempenha função econômica, a boa produtividade da cultura reflete na rentabilidade do cultivo, exercendo forte influência sobre o posicionamento da cultura no sistema de produção de grãos. A nível de lavoura, existem várias formas e metodologias disponíveis para quantificar a produtividade do milho, tanto no período pré-colheita quanto em pós colheita, podendo-se relacionar a produtividade a área cultivada, e/ou o rendimento da cultura em função de determinada variável.
O mais comum é avaliar a produtividade e/ou o rendimento do milho em kg ha-1, g m-2 ou sacas por hectare (sc ha-1). Sobretudo, é preciso compreender que o rendimento do milho é dependente de uma série de fatores, os quais podem sofrer influência direta ou indireta das condições ambientais e climáticas ao longo do desenvolvimento do milho.
Os componentes de rendimento podem ser compreendidos como características/atributos que influenciam direta ou indiretamente a produtividade do milho, podendo sofrer influência de fatores bióticos e abióticos. Visando a obtenção de altas produtividades, é essencial atentar para a definição dos componentes de rendimento da cultura, bem como, os fatores que podem influenciá-los e as possíveis intervenções visando o aumento da produtividade do milho (Santos, 2021).
O número de plantas por área, o número de grãos por espiga e o peso de grãos por espigas são os componentes mais utilizados para quantificar a produtividade da cultura. Embora não exata, a produtividade do milho pode ser quantificada por meio dessas variáveis, levando-se em consideração as devidas recomendações.
Tendo em vista que a nível de produtor, a produtividade do milho é definida muitas vezes em sc ha-1 e que uma saca de milho (grão) possui 60 Kg, quantas espigas são necessárias para produzir um saco de milho?
Para mensurar quantas espigas são necessárias para produzir um saco de milho, é necessário conhecer algumas características agronômicas da cultivar, em especial, o peso de grãos por espiga e/ou a massa de mil grãos de milho. Essas variáveis podem alterar em função da cultivar, genética e condições ambientais, entretanto, se tratando de híbridos de milho, essas informações normalmente são encontradas no portifólio da cultivar.
A critério de exemplo, assumindo-se o valor médio de 180 g por espiga de milho, basta dividir a peso de um saco de milho (60 kg) pelo peso da espiga, convertido em kg, que se tem a quantidade de espigas necessárias para um saco de milho (Exemplo 1).
Exemplo 1:
Peso médio de grãos por espiga = 180 gramas = 0,18 kg
Peso do saco = 60 kg
Número de espigas por saco = 60 kg (peso do saco) / 0,18 kg (peso de grãos por espiga) = 333,33 espigas
Outra forma de mensurar o número de espigas por saco consiste na quantificação do número de grãos por espiga, multiplicação do resultado pelo peso de mil grãos (quantificado ou informado na cultivar) dividido por 1000 e posterior divisão do peso do saco pelo peso da espiga de milho. Para quantificar o número de grãos por espiga, deve-se contar o número de fileiras de grãos por espiga e multiplicar o resultado pelo número de grãos por fileira.
Para garantir a máxima qualidade dos grãos de milho e produtividade da sua lavoura é essencial saber identificar se a espiga está pronta para ser colhida. Preparamos um e-book para você conhecer as principais técnicas e segredos antes da colheita. Baixe agora mesmo!
Exemplo 2:
Número médio de fileiras por espiga = 14
Número médio de grãos por fileira = 40
Peso de mil grãos = 300g = 0,3 kg
Número de grãos por espiga = 14 x 40 = 560
Peso por espiga = 560 grãos x 0,3/1000 = 168 gramas por espiga = 0,168 kg
Número de espigas por saco = 60 kg (peso do saco) / 0,168 kg (peso de grãos por espiga) = 357 espigas
Cabe destacar que o peso de grãos por espiga pode variar em função do teor de umidade dos grãos, influenciando diretamente o resultado final do número de espigas por saco (60 kg). Entretanto, para maior conformidade dos resultados, é possível corrigir o peso dos grãos com base na umidade.
Normalmente para culturas produtoras de grãos, a umidade trabalhada para comercio é de 13%, entretanto, a nível de campo, umidades superiores são frequentemente observadas. Para realizar a correção da umidade basta aplicar a formula pré-definida apresentada abaixo:
Em que: Ud% = Umidade desejada (Nunes & Backes)
Exemplo 3:
Para corrigir a umidade do peso de grãos por espiga para 13%, em que o peso encontrado é de 180 gramas a 15% de umidade tem-se:
Peso (13%) = 175,86 gramas
Logo, fica evidente que o número de espigas para compor um saco de milho pode variar em função da cultivar, entretanto, normalmente valores próximos a 350 espigas são necessárias para compor um saco de 60 Kg de grãos de milho.
Referências:
EICHOLZ, E. D. et al. INFORMAÇÕES TÉCNICAS PARA O CULTIVO DO MILHO E SORGO NA REGIÃO SUBTROPICAL DO BRASIL: SAFRAS 2019/20 E 2020/21. MISOSUL: REUNIÃO TÉCNICA SUL-BRASILEIRA DE PESQUISA DE MILHO E SORGO, 2020.
NUNES, U. R.; BACKES, R. L. B. DETERMINAÇÃO DO GRAU DE UMIDADE E PESO DE MIL SEMENTES. Universidade Federal de Santa Maria, Departamento de Fitotecnia, Curso de Agronomia, Produção e Tecnologia de Sementes, Aula prática.
SANTOS, M. S. COMPONENTES DE RENDIMENTO DO MILHO COMO FERRAMENTA DE MANEJO. Mais Soja, 2021.
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