Adubação para soja: tudo que você precisa saber

O primeiro passo para uma adubação assertiva para a soja é a análise química da fertilidade do solo. Ainda que o teor de nutrientes possa ser melhorado pela adição de fertilizantes, as condições químicas do solo, em especial seu pH exercem forte influência sobre a eficiência do uso dos fertilizantes pela soja.  A disponibilidade dos nutrientes para a planta está diretamente relacionada com o pH do solo, solos com pH inadequado podem apresentar baixa disponibilidade de nutrientes para as plantas, mesmo sob elevados teores nutricionais, podendo limitar a produtividade da soja.

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Para a obtenção de altas produtividades de soja é fundamental uma nutrição adequada e equilibrada da planta, de forma a suprir todas as exigências da cultura. Além de fatores climáticos e ambientais, a nutrição é um dos principais limitantes da produtividade da soja. A nível comercial, os fertilizantes químicos e minerais são as principais fontes de nutrientes para a agricultura, entretanto, além do emprego correto de fertilizantes, para obter altas produtividade de soja, é fundamental entender a interação dos nutrientes no solo e as particularidades de cultura.

Partindo do pressuposto que o solo apresente pH adequado, a adubação da cultura da soja deve ser embasada principalmente na correção dos teores nutricionais do solo, extração e exportação de nutrientes pela soja e expectativas de produtividade da cultura. Todos os nutrientes desempenham funções essenciais no metabolismo e desenvolvimento vegetal, entretanto, para facilitar o manejo, convencionou-se a divisão dos nutrientes em macronutrientes e micronutrientes em função da quantidade requerida pela planta.

Tabela 1. Quantidade de nutrientes acumulada e exportada pela cultura da soja.

Quantidade de nutrientes acumulada e exportada pela cultura da soja

Fonte: Embrapa Soja (2008)

Cabe destacar que a recomendação da adubação para a cultura da soja pode variar de acordo com o tipo de solo, exigências da cultura e expectativa de produtividade, havendo ainda distinção das recomendações com base na região de cultivo, conforme alguns manuais de adubação e calagem. Contudo, de modo geral, a adubação para a soja baseia-se na adubação de base, de cobertura e de sistema em algumas situações.

Adubação de base

Como os macronutrientes Nitrogênio (N), Fósforo (P) e Potássio (K), são os requeridos em maiores quantidades pela cultura da soja, normalmente esses são os nutrientes mais empregados na adubação de base, por meio dos fertilizantes formulados N-P-K. A adubação de base consiste na adição dos fertilizantes no momento da semeadura, ou de forma antecipada, via sulco no solo.

Cabe destacar que quando se utilizam fertilizantes N-P-K, esse método de adubação é insubstituível se tratando do fornecimento do fósforo, nutriente considerado imóvel no solo e com uma complexa dinâmica, não sendo recomendado seu fornecimento via lanço, em cobertura. Além do fósforo, o potássio pode ser fornecido na adubação de base, entretanto, por ser considerado o segundo macronutriente mais requerido pela soja, ficando atrás apenas do nitrogênio (Almeida et al., 2015), dependendo das condições nutricionais do solo e expectativas de produtividade, altas doses de potássio podem ser necessárias.

Como uma alternativa a adição de elevadas doses de K na base de semeadura, evitando o efeito salino do fertilizante sobre a germinação das sementes, por apresentar maior mobilidade no solo em relação ao P, pode-se realizar o fracionamento da adubação potássica, podendo essa, ser realizar parcialmente na base de semeadura e o restante em cobertura, ou toda em cobertura da cultura, dependendo das condições de solo, clima e ambiente.

Não menos importante, embora seja tradicionalmente empregado nos fertilizantes N-P-K, o uso de fertilizantes contendo nitrogênio [LATCP1]  em altas concentrações em sua formulação na base de semeadura não é interessante para a cultura da soja. Por meio da fixação biológica de nitrogênio (FBN), através da simbiose entre planta e bactérias fixadoras de nitrogênio, boa parte do [LATCP2] nitrogênio necessário para a boas produtividades de soja é fornecido para a cultura.

Adubação de cobertura

Na prática, a adubação em cobertura com macronutrientes na cultura da soja se restringe ao potássio, enxofre, cálcio e magnésio. Dentre esses, em virtude dos fertilizantes empregados na agricultura, pode-se dizer que potássio e enxofre são os macronutrientes com maior eficiência para uso na adubação de cobertura em virtude da maior mobilidade no solo. As principais e mais utilizadas fontes desses nutrientes para a cultura da soja são o cloreto de potássio (KCl) e o gesso agrícola.

Cabe destacar que resultados obtidos por Cavalini et al. (2018), demonstram que a época de aplicação do potássio em cobertura na soja pode influenciar a produtividade da cultura, logo, é preciso ajustar essa adubação a fim de obter maiores produtividades. Já se tratando dos nutrientes cálcio e magnésio, considerando que o calcário dolomítico é a fonte mais barata desses nutrientes, e apresenta baixa mobilidade no solo, a adubação em cobertura pode não ser tão eficiente quando utilizado esse fertilizante/corretivo, principalmente quando há necessidade de aumentar os teores desses nutrientes nas camadas mais profundas do solo. Logo, uma alternativa é realizar a adubação concomitantemente a calagem da área.

Adubação de sistema

A adubação de sistema é uma prática muito utilizada em sistemas extensivos de produção, principalmente em ambientes onde a janela para a semeadura da soja é relativamente pequena. A adubação de sistema consiste no fornecimento total ou parcial dos nutrientes requeridos pela soja na cultura antecessora, normalmente uma cultura de inverno.

Além de possibilitar maior distribuição dos fertilizantes pelo menor espaçamento entre linhas das culturas de inverno, a adubação de sistema permite maior rendimento operacional na semeadura da soja, pela ausência de fertilizantes na semeadora.  É uma prática muito difundida, entretanto necessita maior cautela e planejamento para um adequado manejo da fertilidade do solo. Normalmente associa-se a adubação de sistema com a adubação potássica em cobertura.

Adubação com micronutrientes

Embora requeridos em menores quantidades, a deficiência de um micronutriente pode limitar a produtividade da soja. Entretanto, por serem requeridos em menores quantidades, fato que dificulta a distribuição uniforma desses fertilizantes, normalmente a adubação com micronutrientes é realizada via pulverização da parte aérea da soja ou em conjunto com outros fertilizantes ou corretivos.

Visando suprir adequadamente os micronutrientes em soja, deve-se realizar a análise química da fertilidade do solo e/ou análise foliar, onde as recomendações devem seguir as orientações técnicas para a cultura. Cabe destacar que a adubação com micronutrientes deve ser vista como um ajuste fino da fertilidade do solo, logo, para que efeitos benéficos possam ser observados, os demais nutrientes necessitam estar em conformidade com o demandado pela cultura.

Adubação de manutenção

Após corrigidos os níveis de fertilidade dos solos, é necessário realizar a adubação de manutenção safra após safra. Independentemente da cultura cultivada, tem-se a exportação de nutrientes pelos grãos e resíduos culturais. Após decomposição e mineralização dos resíduos culturais, os nutrientes presentes neles voltam ao sistema de produção, entretanto, os nutrientes exportados pelos grãos são “retirados” do solo, logo, para garantir a manutenção da produtividade da soja, é necessário adicionar a quantidade exportada de nutrientes pelas culturas cultivadas, garantindo assim, o equilíbrio nutricional no solo.

Para tanto, deve-se realizar o acompanhamento das condições químicas e nutricionais do solo por meio da análise periódica da fertilidade do solo. Além disso, cabe destacar que a quantidade de adubo pode variar em função da exigência da cultivar, tipo de solo, expectativas de produtividade, concentração de nutrientes no fertilizante e teores de nutrientes no solo.

Referências:

ALMEIDA, I. C. C. et al. ADUBAÇÃO POTÁSSICA: FONTES E DOSES NO CULTIVO DA SOJA. XXXV Congresso Brasileiro de Ciência do Solo, 2015.

 CAVALINI, P. F. et al. RESPOSTA DA SOJA À ÉPOCAS DE APLICAÇÃO DE POTÁSSIO EM COBERTURA. Arq. Ciênc. Vet. Zool. UNIPAR, Umuarama, v. 21, n. 1, 23-28, jan./mar. 2018.

CRISPINO, C. C. et al. ADUBAÇÃO NITROGENADA NA CULTURA DA SOJA. Embrapa, Comunicado Técnico, n. 75, 2001.

EMBRAPA SOJA. TECNOLOGIAS DE PRODUÇÃO DE SOJA – REGIÃO CENTRAL DO BRASIL 2009 E 2010. Embrapa Soja, Sistemas de Produção, 13, 2008.

OLIVEIRA JUNIOR, A. et al. FERTILIDADE DO SOLO E AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DA SOJA. Tecnologias de Produção de Soja, Embrapa, Sistemas de Produção n. 17, cap, 7, 2020.


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