O sucesso de uma lavoura de soja depende de uma série de fatores os quais interferem direta ou indiretamente na produtividade da cultura. Dentre esses fatores, o manejo da cultura é essencial desde a pré-semeadura até a pós-colheita, sendo fundamental trabalhar a lavoura como um sistema de produção e não como um cultivo isolado.
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Para tanto, a definição do momento adequada para a realização de cada prática de manejo é indispensável para o planejamento eficiente dos tratos culturais. Visando a identificação dos diferentes estádios do desenvolvimento da lavoura de soja, o emprego de escalas fenológicas no manejo da cultura pode ser de grande valia, sendo a escala mais utilizada para a soja a nível global, a escala proposta por Fehr & Caviness em 1977.
Conforme descrito nessa escala e destacado por Câmara (2006), uma planta de soja encontra-se em V3 quando o terceiro nó é visível e a segunda folha trifoliolada está completamente desenvolvida e aberta. Entretanto, o estádio só pode ser contabilizado se os bordos dos folíolos da folha logo acima não estiverem mais se tocando.
Figura 1. Planta de soja em V3 conforme escala fenológica de Fehr & Caviness (1977).
Fonte: Stoller.
Segundo Hungria; Campo; Mendes (2001), nesse estádio de desenvolvimento os nódulos oriundos da simbiose entre a planta de soja e bactérias fixadoras de nitrogênio já podem ser visualizados com clareza. Nódulos sadios e em pleno funcionamento devem apresentar coloração interior rosácea em virtude da presença e atividade da leghemoglobina.
Além disso, nesse estádio do desenvolvimento da soja, em cada axila foliar é possível observar uma gema axilar que pode ou não dar origem a novos ramos ou flores. Sendo assim nesse estádio a soja já apresenta capacidade de se recuperar de injurias dependendo da severidade dessas.
Entretanto, assim como nos demais estádios iniciais do desenvolvimento da soja, em V3 é fundamental o monitoramento e controle de pragas, principalmente lagartas tais como a lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis), a falsa-medideira (Chrysodeixis includens), entre outras (Sosa-Gómez et al., 2006). Sendo assim, o monitoramento para identificação da espécie e nível de controle da praga é essencial para um manejo eficiente.
Nesse estádio do desenvolvimento da soja os percevejos ainda não provocam perdas de produtividade significativas na cultura, entretanto a praga pode servir como vetor de doenças virais, sendo assim o monitoramento da praga nessa fase pode auxiliar no manejo e controle nos estádios reprodutivos da soja.
Plantas cultivadas em áreas com nematoides fitopatogênicos podem começar a apresentar sintomas do ataque da praga. Dentre os principais sintomas destacam-se a murcha das folhas nas horas mais quentes do dia, o menor crescimento das plantas e em alguns casos galhas, cistos ou lesões nas raízes da soja. Geralmente os sintomas são observados em reboleiras.
Assim como nos demais estádios do início do desenvolvimento da soja, em V3 o monitoramento da lavoura é fundamental, entretanto, nesse estádio a soja apresenta maior capacidade em resistir a danos como desfolha e quebra do caule em virtude da presença de gemas axilares. Contudo, toda forma de injuria pode promover perda de produtividade em maior ou menor grau, sendo que a quebra ou corte do caule abaixo dos cotilédones pode implicar na morte da planta.
Por Maurício dos Santos – Mais Soja
Referências:
CÂMARA, G. M. S. FENOLOGIA É FERRAMENTA AUXILIAR DE TÉCNICAS DE PRODUÇÃO. Visão Agrícola, n. 5, 2006.
FEHR, W.R.; CAVINESS, C.E. STAGES OF SOYBEAN DEVELOPMENT. Ames: Iowa State University, (Special Report, 80), 12p. 1977.
HUNGRIA, M.; CAMPO, R. J.; MENDES, I. C. FIXAÇÃO BIOLÓGICA DO NITROGÊNIO NA CULTURA DA SOJA. Embrapa Soja, 2001.
SOSA-GÓMEZ, D. R. et al. MANUAL DE IDENTIFICAÇÃO DE INSETOS E OUTROS INVERTEBRADOS DA CULTURA DA SOJA. Embrapa, Documentos, n. 269, 2006.
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