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Com base nessa escala fenologia proposta por Fehr & Caviness em 1977, uma planta de soja está em V4 quando o quarto nó está visível e a terceira folha trifoliolada está completamente desenvolvida e aberta. Contudo, para a contabilização do estádio os bordos dos folíolos da folha logo acima não devem estar se tocando.
Figura 1. Planta de soja em V4 conforme escala fenológica de Fehr & Caviness (1977).
Fonte: Stoller.
Nesse estádio de desenvolvimento da soja, a planta já possui capacidade de produzir fotoassimilados para suprir suas necessidades e praticamente não há mais dependência das reservas dos cotilédones. Logo, é possível observar o amarelecimento e queda dos cotilédones.
Segundo Zanon et al. (2018), nesse estádio a planta de soja começa a emitir ramificações originárias das gemas axilares meristemáticas. A quantidade de ramificações irá depender da cultivar, contudo, de maneira geral quanto maior o espaço entre plantas, maior a incidência de radiação solar sobre o dossel da planta e maior o número de ramificações. Zanon et al. (2018) destacam que essa capacidade da planta em produzir ramificações configura uma capacidade compensativa da planta, podendo essa nesse estádio apresentar maior capacidade de recuperação a injurias como redução da área foliar decorrente do ataque de pragas, ocorrência de granizo entre outras, lembrando que essa capacidade compensativa não substitui um bom plantio, em que a população de plantas recomendada é adequadamente distribuída na área cultivada.
Cabe destacar que o ideal é que não ocorram perdas de área foliar, maximizando a produção de fotoassimilados e consequentemente produtividade da cultura. Para produtividade inferiores a 3,5 t.ha-1 é possível tolerar um maior nível de desfolha, entretanto, quando o objetivo é alcançar produtividades de soja superiores a 4,5 t.ha-1 deve-se ter um manejo intenso de pragas (Zanon et al., 2018).
Dentre as principais pragas que podem incidir sobre a cultura nesse período, podemos destacar lagartas como a lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis) e a falsa-medideira (Chrysodeixis includens), além da vaquinha-verde ou patriota (Diabrotica speciosa), gafanhotos e ácaros. Felizmente durante o período vegetativo do desenvolvimento da soja os percevejos não causam perdas significativas de produtividade e qualidade dos grãos, entretanto, podem atuar como agentes transmissores de doenças virais e seu monitoramento no período vegetativo é fundamental para a determinação de medidas de controle no período reprodutivo da cultura.
Embora nesse estádio ainda não tenha ocorrido o fechamento das entre linhas de cultivo da soja, assim como para o manejo de pragas, é fundamental o monitoramento para o manejo de doenças na soja. Áreas com histórico de ocorrência de doenças fungicas e condições adequadas de temperatura e umidade para o desenvolvimento dos fungos devem receber atenção especial desde os estádios iniciais do desenvolvimento da soja.
Em áreas onde não há um sistema de rotação de culturas a atenção com o monitoramento de doenças fungicas deve ser redobrada. Deve-se optar pela rotação de fungicidas e em casos de histórico de resistência de doenças o controle com fungicidas deve-se priorizar o uso de produtos multissítios, lembrando que o controle químico de doenças deve sempre estar associado a uma boa nutrição de plantas.
Além desses fatores, a temperatura também pode influenciar o desenvolvimento da soja, segundo Farias; Nepomuceno; Neumaier (2008), temperaturas médias do ar iguais ou inferiores a 10°C, assim como temperaturas superiores a 40°C podem intervir negativamente no crescimento e desenvolvimento da soja. Temperaturas abaixo de 10°C podem ocasionar pequeno crescimento ou nulo das plantas, assim como temperaturas superiores a 40°C podem causar efeitos adversos na taxa de crescimento, refletindo em atrasos na floração e reduzindo a capacidade de retenção de vagens.
Deve-se observar a presença de plantas daninhas, visando identificar as espécies e os fluxos de emergência para realizar um adequado controle, no momento ideal e trabalhando com a rotação de mecanismos de ação para reduzir casos de resistência.
Com base nos aspectos observados, pode-se concluir que nesse estádio do desenvolvimento da soja, deve-se atentar para o monitoramento de doenças, plantas daninhas e pragas especialmente lagartas e outros insetos que possam causar redução da área foliar a consequentemente da produtividade da cultura e evitar a matocompetição.
Caso você queira conhecer o que acontece em outros estádios de desenvolvimento da soja, sugiro conferir o conteúdo O que acontece no estádio V5 da soja?
Por Maurício dos Santos – Mais Soja
Referencias:
FARIAS, J. R. B.; NEPOMUCENO, A. L.; NEUMAIER, N. ECOFISIOLOGIA DA SOJA. Embrapa, Circular Técnica, n. 48, 2007.
FEHR, W.R.; CAVINESS, C.E. STAGES OF SOYBEAN DEVELOPMENT. Ames: Iowa State University, (Special Report, 80), 12p. 1977.
ZANON, A. J. et al. ECOFISIOLOGIA DA SOJA: VISANDO ALTAS PRDUTIVIDADES. Santa Maria, 136p. 2018.
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