Existe uma máxima na cotonicultura, de que para ficarmos especialistas devemos aprender ao menos 40 lições, e dessas, aprendemos uma por ano!
A jornada a cada safra é desafiadora, nenhum ano é como o outro, são no mínimo 150 dias de uma indústria extremamente dinâmica a céu aberto, mercado regido por oferta e demanda, competição com fibras sintéticas, a qualidade do produto é cada vez mais determinante, e tudo isso inserido em um sistema de produção que precisa ser rápido e eficiente.
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Diante de todo esse cenário, é de se esperar que a cotonicultura no Brasil não seja competitiva? Puro engano, graças ao esforço absoluto dos produtores, o Brasil mais uma vez se destacou com uma produção recorde da safra 19/20 maior do que 7.372 mil toneladas de algodão em caroço, e produtividade média de pluma de 118@/ha.
É diante dessa cadeia de valor, que queremos abordar alguns aspectos importantes da cotonicultura que devem ser levados em consideração ao longo de todo o ciclo da cultura, um olhar atento aos detalhes, tendo a PLANTA como protagonista.
“Em construção”: fertilidade do solo e adubação
A capacidade de estabelecer um bom “alicerce”, é o que dará toda a sustentação para que nesse ambiente se desenvolvam plantas sadias e produtivas.
Falar de solo e adubação é um assunto para ser discutido muito mais do que em um texto apenas. Mas o que vale a pena ressaltar, é que aquela qualidade de fibra tão desejada no final do ciclo, começa a ser construída a partir do momento que estruturamos um ambiente adequado para o desenvolvimento da cultura.
Quando falamos em fertilidade do solo para a cotonicultura, devemos sempre ter em mente 3 características: física, química e biológica. Esses 3 pilares precisam estar numa condição satisfatória e em equilíbrio dinâmico para que uma boa lavoura possa expressar seu potencial.
Quanto mais fértil for um solo mais eficiente e responsiva é a adubação. Não basta pensarmos em adubar olhando apenas para quantidade de um determinado nutriente. Sobre adubar, é preciso planejar a forma, qual será a fonte, a época e frequência, dose e sobretudo exige equilíbrio, uso racional e visão ampla do sistema de produção.
Por exemplo, a adubação nitrogenada na cultura do algodão. Existem diferenças significativas de eficiência entre usar uma fonte uréia e um sulfato de amônio. O parcelamento e época dessas aplicações também deve ser levado em consideração, além é claro da quantidade utilizada.
Voltando-se para a fertilidade do solo, é fundamental um perfil que não tenha impedimentos para o adequado desenvolvimento radicular da planta de algodão. Compactação de solo na cotonicultura é uma barreira para o desenvolvimento de raízes, além de possuir menor capacidade de drenagem, que consequentemente aumenta as chances de termos solos encharcados, com baixo oxigênio disponível, o que é quase letal para o algodão.
Fertilidade de solo e adubação estão intimamente correlacionados. É um processo, a cotonicultura é uma construção, que precisa de planejamento, tempo e técnica para uma evolução constante desse ambiente de produção. Um “alicerce” bem feito é o que vai sustentar todo e qualquer manejo posterior que seja feito na cultura.
Formando plantas “4×4”
Na fazenda, faz diferença um implemento agrícola e/ou uma caminhonete com tração para enfrentar as mais diversas situações, não é mesmo?
É dessa forma que devemos pensar em construir uma planta de algodão, altamente eficiente e produtiva, que acima de tudo supere condições adversas e possa nos entregar no final do ciclo alta produtividade, rendimento, qualidade e lucro.
Mas por quê “4×4”?
Precisamos formar uma planta com 4 estratos: #1. raízes bem desenvolvidas, #2. baixeiro sem apodrecimento, #3. terço médio de altíssima qualidade e #4. um ponteiro equilibrado.
Maçãs até de 4 a posição: se nosso objetivo é ter o máximo potencial produtivo, precisamos prezar por todas as posições, 1a ,2a, 3a e 4a e quantas mais posições forem possíveis. Ou seja, uma planta 4×4 (estratos e estruturas).
Se pudermos resumir o potencial produtivo da cultura, diríamos que:
Produtividade = Número de Estruturas Reprodutivas x Peso.
Sendo que a quantidade de maçãs representa 60 a 80% da produtividade, e os outros 40 ou 20% dependem do peso desses capulhos.
A construção desse potencial passa agora pela genética. Qual é a melhor cultivar de algodão? É aquela que você conhece e sabe manejar da forma mais eficiente possível!
Uma semente de qualidade, janela adequada de semeadura, distribuição de plantas, população e espaçamento entre linhas, são aspectos pouco lembrados muitas vezes, mas exercem influência significativa na produção.
Por exemplo, uma população elevada e uma má distribuição de plantas vai exigir um manejo intenso e uma frequência maior de regulador, e possivelmente afetará as plantas por auto sombreamento, que é um tipo de estresse crítico também para o algodão e resulta em elevado aborto de estruturas.
Uma dica que vale lembrar aqui, é que a altura final das plantas deve ser no máximo 1,5x o espaçamento entre linhas (ex: espaçamento 0,90m = altura final de 1,35m).
Poderíamos tentar simplificar todo o ciclo da cultura em 3 fases após a emergência: fase vegetativa, fase de florescimento e fase de enchimento/formação da fibra. Entretanto, a planta de algodão apresenta um desenvolvimento tão dinâmico, que essas 3 fases ocorrem ao mesmo tempo na planta a partir do F1. A partir desse momento temos a formação ainda de novos ramos, temos botões e flores e começa a formação da fibra nas maçãs.
É importante ter clareza dessa dinâmica de crescimento, pois a formação de plantas de alto potencial produtivo obrigatoriamente depende do uso correto dos defensivos (fungicidas, herbicidas e inseticidas), entretanto a modulação hormonal e nutricional dessas plantas é que define um equilíbrio no desenvolvimento.
O uso de regulador de crescimento, nada mais é do que um modulador do crescimento dessa planta, mas a consequência de um manejo bem feito com regulador é uma planta altamente eficiente no uso dos recursos (água, luz, temperatura, nutrientes, etc) e extremamente adaptável as adversidades do sistema de produção.
Uma planta eficiente é o que desejamos quando falamos de fisiologia de plantas, é entender o que está acontecendo e de que forma podemos interferir. A taxa de abortamento da planta de algodão é naturalmente elevada, porém adotando um manejo hormonal estratégico podemos reduzir as taxas de aborto, aumentando a retenção de estruturas reprodutivas que é o principal componente de produção.
Além disso, é preciso estar atento aos sintomas e deficiências nutricionais ao longo do desenvolvimento da cultura. Muitas vezes os sintomas não são visíveis e a “fome oculta” pode estar acometendo essa planta, degradando seu potencial produtivo. Uma deficiência que frequentemente é notada nas lavouras de algodão é de Boro e pode facilmente ser suprimida com um adequado manejo, assim também como deficiências de manganês, zinco, cobre, molibdênio e outras.
É sempre importante ter em mente que um manejo estratégico na cotonicultura se antecipa aos problemas. Mas como assim? Bem, nós podemos fazer um manejo nutricional preventivo, antes que a planta sinta a deficiência de algum nutriente.
Ainda, algumas situações são recorrentes na cotonicultura ao longo das safras, como por exemplo altas temperaturas e dias nublados, e podem ser adotadas medidas que diminuem o impacto desses estresses na lavoura e reduzem o abortamento de estruturas reprodutivas e problemas no enchimento das maçãs.
Esses são alguns cuidados que devem ser levados em consideração quando se tem por objetivo altos rendimentos na cultura do algodão. Plantas bem desenvolvidas, adequado número de nós, ativas fisiologicamente, com uma nutrição equilibrada e um bom alicerce preparado no início.
Qualidade de fibra como divisor de águas.
Como dito no início, precisamos lembrar que a qualidade de fibra começou a ser definida desde a formação do nosso alicerce, desde o estabelecimento inicial da lavoura. Por exemplo, uma planta com um sistema radicular profundo e sadio é primordial para que na etapa de enchimento de maçãs ela possa acessar água do solo e completar adequadamente o processo de formação de fibras.
Obter uma boa qualidade de fibra que atenda os padrões mais elevados de comercialização é fundamental, é algo que passa a ser diferencial principalmente em um mercado com preços justos e oferta elevada.
Nem sempre conseguimos alterar as características tecnológicas da fibra, isso é muito dependente da genética. Mas podemos adotar um manejo estratégico, de olho na planta, para que possamos expressar o máximo desse potencial, ter maior uniformidade nessa produção e ficar menos suscetível as adversidades do ambiente (clima).
Enfim, a produtividade na cotonicultura será tão maior quanto for o nível de conhecimento aplicado a cada etapa da produção, ano após ano. Só assim é possível conciliar altas produtividades e rentabilidade.
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