Sabemos que para atingir altas produtividades, vários fatores precisam ser combinados de forma positiva e a sanidade de folhas é uma delas. Alguns destes fatores, como o clima, estão longe de nosso controle; outros são passíveis de manejo, como promover a fertilidade do solo, controlar plantas daninhas, proteger a planta de pragas e doenças e promover a sanidade de folhas.
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A cada safra, a preocupação com a ocorrência de doenças na soja acompanha o produtor. A ferrugem asiática carrega o título de doença mais importante da soja. De acordo com levantamentos realizados pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), desde 2001/2002, a doença já provocou perdas superiores a 30 bilhões de dólares, com danos que podem variar de 10% a 90% nas diversas regiões geográficas em que ocorrem.
Entretanto, assim como a ferrugem asiática, doenças como a antracnose (Colletotrichum truncatum), a cercospora (Cercospora kikuchii), a mancha-alvo (Corynespora cassiicola), a mancha-olho-de-rã (Cercospora sojina), o mofo-branco (Sclerotinia sclerotiorum), o oídio (Microsphaera diffusa), entre outras, podem causar danos significativos à cultura da soja.
A cercospora pode reduzir a produtividade em até 30%. A antracnose, além de causar redução significativa na produtividade da soja, pode causar danos de ordem qualitativa, depreciando os grãos ou sementes e reduzindo sua qualidade. Já a mancha-alvo pode levar a perdas de 40%; a mancha-olho-de-rã 31% e o mofo-branco, a 70% de perdas.
Neste cenário, a proteção da sanidade da planta é de extrema valia, já que a folha é um dos órgãos mais importantes, pois é ela que realiza a fotossíntese, processo pelo qual são sintetizados os açúcares que atuam como fonte de energia e carbono, permitindo o crescimento e o desenvolvimento da planta.
Com o melhoramento genético e o advento das cultivares modernas e altamente produtivas, cada folha tem ainda mais importância, e a perda de uma já afeta o potencial fotossintético da planta de soja, refletindo na produção de grãos, principalmente quando ocorre nos estádios de florescimento e formação de grãos.
Um dos principais motivos que levam à perda de folhas é a ocorrência de doenças, as quais, mesmo quando acometem a planta de forma branda, causam prejuízos, pois perdas de área foliar afetam a capacidade da planta de realizar fotossíntese. Em caso de aumento de severidade, a planta acaba produzindo hormônios, como o etileno, que induzem a queda das folhas como forma de evitar que a doença se espalhe. Portanto, garantir a sanidade e a permanência destas folhas por mais tempo na planta de soja é fundamental para que altas produtividades sejam atingidas.
Referências
ALMEIDA, A. M. R. et al. Doenças da soja (Glycine max). In: KIMATI, H.; AMORIM, L.; BERGAMIN FILHO, A.; CAMARGO, L. E. A.; REZENDE, J. A. M. (ed.). Manual de Fitopatologia. Volume 2: Doenças das plantas cultivadas. 4 ed. São Paulo: Agronômica Ceres, 2005.
GODOY, C. V. et al. Eficiência de fungicidas para o controle da ferrugem-asiática da soja, Phakopsora pachyrhizi, na safra 2019/2020: resultados sumarizados dos ensaios cooperativos. Londrina, PR: Embrapa, 2020. (Embrapa. Circular Técnica, 160).
GÓMEZ, D. E. Cercospora sojina: produção de esporos, densidade de inóculo de reação de cultivares de soja. 2011. Dissertação (Mestrado em Agronomia) –Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo, 2011.
HARTMAN, G. L.; SINCLAIR, J. B.; RUPE, J. C. Compendium of Soybean diseases. APS – The American Phytopathological Society. 4 ed. St. Paul, Minnesota, USA, 1999.
MEYER, M. C. et al. Eficiência de fungicidas para controle de mofo-branco (Sclerotinia sclerotiorum) em soja, na safra 2019/2020: resultados sumarizados dos experimentos cooperativos. Londrina, PR: Embrapa, 2020. (Embrapa, Circular Técnica, 165).
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