Para que uma planta de milho possa expressar seu potencial produtivo, é necessário um ambiente adequado ao seu crescimento e desenvolvimento, sem a ocorrência de estresses de nenhuma natureza que possam limitar a produtividade da cultura. Radiação solar, água e nutrientes do solo são fatores essenciais para o desenvolvimento vegetal e vitais para o metabolismo da planta.
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Além de atuar como substrato para o desenvolvimento vegetal, o solo é a principal fonte de água e nutrientes para o milho. A água e nutrientes presentes na solução do solo são absorvidos pelo sistema radicular do milho, que além dessa função, também promove fixação a planta ao solo.
A estrutura modular das raízes permite que as plantas respondam rapidamente ao ambiente em que elas vivem, tornando-as mais adaptáveis às mudanças ambientais, tais como a disponibilidade de água e nutrientes (Magalhães; Negri; Sousa, 2013). Pode-se dizer que a dinâmica de absorção de água e nutrientes do solo pelas raízes do milho é governada principalmente pela transpiração da cultura. Logo, o sistema radicular é responsável pela absorção da água e nutrientes necessários para o processo fotossintético da planta.
As deficiências tanto hídricas quanto nutricional podem limitar a produtividade do milho, reduzindo seu potencial produtivo. Conforme descrito pela Lei de Liebig ou Lei do Mínimo, a produtividade de uma cultura é limitada pelo nutriente presente em quantidades menores ao requerido pela cultura, mesmo que os demais estejam disponíveis em quantidades elevadas.
Sendo assim, o sistema radicular da planta, o qual é responsável pela absorção de água e nutrientes está intimamente relacionado com a produtividade do milho. Além disso, dependendo da espécie ou estádio de desenvolvimento da planta, fotoassimilados podem ser alocados nas raízes da planta, para seu crescimento, manutenção celular e absorção de íons (Batista, 2012).
De maneira geral, quanto maior o volume radicular do milho, maior o volume de solo explorado e consequentemente maior absorção de água e nutrientes do solo. Contudo, conforme destacado por Albuquerque & Reinert (2001), a distribuição das raízes de milho no perfil do solo pode variar de acordo com características do solo, como tipo de solo, profundidade dos horizontes, impedimento físico entre outros.
Figura 1. Distribuição radicular da cultura do milho no perfil cultural com horizonte A raso (A) e com horizonte A profundo (B).
Adaptado: Albuquerque & Reinert (2001)
A compactação o solo é um dos principais fatores limitantes do crescimento radicular de culturas agrícolas, e o milho não é exceção. Além de reduzir o crescimento radicular, a compactação do solo está relacionada a redução da produtividade do milho em consequência a redução da absorção de água e nutrientes. Avaliando valores críticos de resistência do solo à penetração, Cordeiro Junior et al. (2016) observaram relação do aumento da resistência do solo a penetração com a redução da produtividade do milho.
Figura 2. Produtividade do milho 2ª safra (AG 9010) em função da resistência mecânica do à penetração (RP) de um Latossolo Vermelho distroférrico.
Adaptado: Cordeiro Junior et al. (2016)
Além do impedimento físico (compactação do solo), é possível observar a influência da química do solo no crescimento e desenvolvimento radicular do milho. Conforme observado por Petrere et al. (2007) a presença de alumínio tóxico no solo pode reduzir significativamente o crescimento radicular do milho, limitando o volume de raízes da planta e consequentemente volume de solo explorado.
Figura 3. Comprimento do sistema radicular de genótipos de milho cultivados por 48 horas em solução contendo diferentes concentrações de alumínio e 2,50 mmol dm-3 de cálcio.
Fonte: Petrere et al. (2007)
O alumínio no solo pode ser absorvido/adsorvido pelas raízes afetando diversos processos biológicos e físicos que, consequentemente irão resultar na inibição do crescimento da raiz (Silva, 2018). Dessa forma, assim como adequadas condições físicas do solo, visando um bom crescimento e desenvolvimento de raízes, é essencial atentar para características químicas do solo.
Ainda que não sejam consideradas raízes “verdadeiras”, as raízes adventícias do milho apresentam significativa importância no crescimento e desenvolvimento vegetal, promovendo maior sustentação/fixação para a planta. Ritchie; Hanway; Benson (2003) destacam que a partir de V12 (décima segunda folha), já é possível observar o início do surgimento das raízes adventícias do milho, havendo o maior crescimento de desenvolvimento delas em V18 (Décima oitava folha).
Figura 4. Raízes adventícias ou de sustentação do milho. Crescimento ocorre a partir dos nós acima da superfície do solo.
Fonte: Ritchie; Hanway; Benson (2003)
De maneira geral, as raízes da planta de milho são a base da planta, servindo como fonte de fixação e absorção de água e nutrientes do solo, possibilitando a nutrição da planta para o bom crescimento e desenvolvimento vegetal, apresentando intima relação com a produção de matéria seca e produtividade do milho.
Referências:
ALBUQUERQUE, J. A.; REINERT, D. J. DENSIDADE RADICULAR DO MILHO CONSIDERANDO OS ATRIBUTOS DE UM SOLO COM HORIZONTE B TEXTURAL. R. Bras. Ci. Solo, 25:539-549, 2001.
BATISTA, K. D. CARACTERÍSTICAS MOFOANATÔMICAS DE RAÍZES DE MILHO E DE SORGO CULTIVADOS SOB DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DE FÓSFORO. Universidade Federal de Lavras, Tese de Doutorado, 2012.
CORDEIRO JUNIOR, R. et al. VALORES CRÍTICOS DE RESISTÊNCIA À PENETRAÇÃO EM DIFERENTES CONTEÚDOS DE ÁGUA DO SOLO NA SUCESSÃO SOJA/MILHO 2ª SAFRA. XI Jornada Acadêmica da Embrapa Soja, 2016.
MAGALHÃES, K. S.; NEGRI, B. F.; SOUSA, S. M. ANÁLISE MORFOLÓGICA DO SISTEMA RADICULAR DO PAINEL DE DIVERSIDADE DE MILHO DA EMBRAPA MILHO E SORGO. Embrapa, Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento, n. 64, 2013.
PETRERE, V. G. et al. ESTUDOS DE TOXIDEZ DE ALUMÍNIO EM GENÓTIPOS DE SOJA E MILHO CULTIVADOS EM BIOENSAIOS. XXXI Congresso Brasileiro de Ciência do Solo, 2007.
RITCHIE, S. W.; HANWAY, J. J; BENSON, G. O. COMO A PLANTA DE MILHO SE DESENVOLVE. POTAFOS, Arquivo Agronômico, n. 15, 2003.
SILVA, C. O. EFEITOS DO ALUMÍNIO EM RAÍZES DE SOJA: ALTERAÇÕES MORFOANATÔMICAS, FISIOLÓGICAS E METABÓLICAS. Universidade Federal de Viçosa, Tese de Doutorado, 2018.
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