As necessidades nutricionais do algodão são definidas em função do potencial produtivo da lavoura. No Brasil a produtividade média do algodoeiro é de 1700 kg ha-1 de fibra, sendo comum produtividades de 2000 a 2500 kg ha-1 de fibra nas principais regiões produtoras, e em algumas regiões a produtividade pode chegar a 3000 kg ha-1 de fibra. Isso resulta em alta taxa de extração e exportação de nutrientes, principalmente de nitrogênio e potássio que são absorvidos em maiores quantidades pelo algodoeiro. Assim iremos dar foco para as necessidades nutricionais de lavouras de altas produtividades.
De acordo com Rochester (2007) em estudos realizados na Austrália, a absorção de nitrogênio pode oscilar entre 63 e 290 kg ha-1, enquanto a exportação de N oscila entre 66% (menores produtividade) e 46% (maiores produtividade) desse total. Nesse cenário, para lavouras de altas produtividades é necessário a dose mínima de 133 kg ha-1 de N, para repor a exportação. Para o potássio o comportamento é semelhante ao nitrogênio com relação a absorção máxima (300 kg ha-1 de K2O) porém apenas 15% desse total é exportado (Tabela 1).
Tabela 1. Quantidades de nutrientes absorvidos e exportados em relação à produtividade, na Austrália (adaptado de Rochester, 2007).

Com relação ao fósforo a quantidade absorvida e exportada é relativamente baixa; por exemplo lavouras de altas produtividades exportam no máximo 25 kg ha-1 de P (57 kg ha-1 de P2O5). Entre os três macronutrientes secundários a ordem de extração é Ca>S=Mg, porém a exportação é Mg>S>Ca, ou seja, a exportação de cálcio é baixa. Levando em consideração que o cálcio e o magnésio são fornecidos via calagem, em lavouras onde não há aplicação de gesso agrícola, é recomendado utilizar superfosfato simples como fonte de P e S ou sulfato de amônio como fonte de N e S, em umas das adubações de cobertura.
Para aos micronutrientes, as necessidades nutricionais do algodão em relação ao boro merecem maior atenção deve ser dada ao boro, apesar da baixa extração (560 g ha-1) e exportação (52 g ha-1), em lavouras de altas produtividades têm sido reportado deficiências momentâneas de boro, principalmente em condições de veranicos ou dias nublados, fato que reduz o fluxo de massa da planta e consequentemente a absorção de boro. Para o ferro normalmente são poucos os relatos de deficiência no Brasil visto que os solos tropicais têm disponibilidade adequada desse micronutriente. Para os demais micronutrientes catiônicos, manganês, zinco e cobre a extração é de 655, 203 e 81 g ha-1, e exportação é de 13, 123 e 30 g ha-1, respectivamente. Entre esses micronutrientes não é comum reportar deficiência em condições de campo no Brasil, mas há necessidade de realizar adubações com objetivo de reportar a exportações, assim não exaurindo a reserva do solo.
Curiosamente, quanto maior a produtividade da lavoura, menor é a porcentagem de exportação para todos os nutrientes, ou seja, a planta acaba absorvendo uma quantidade relativamente alta em relação ao que é exportada, isso provavelmente está associado ao maior crescimento vegetativo das plantas de maior produtividade. Dessa forma lavouras de alta produtividade de algodão requerem altas doses dos nutrientes e consequentemente de fertilizantes, que devem ser utilizadas com critérios científicos com objetivo de buscar a maior eficiência agronômica da adubação.
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