A fenologia do milho pode ser vista como uma importante ferramenta no manejo de culturas agrícolas. Conhecer a fenologia do milho é fundamental para balizar práticas de manejo, visando a maior assertividade do momento de execução de práticas agrícolas, bem como potencializar a produtividade de uma cultura.
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Assim como para as demais culturas agrícolas, escalas de desenvolvimento fenológico foram estudadas e desenvolvidas para a cultura do milho. Além de auxiliar técnicos e produtores na definição do momento de execução de práticas de manejo, o emprego de escalas do desenvolvimento fenológico do milho facilita a comunicação a nível de campo, trazendo clareza.
Além disso, o conhecimento da fenologia do milho é de suma importância para reduzir o desperdício de insumos, potencializar a produção e aumentar a sustentabilidade da cultura, melhorando a assertividade de práticas de manejo como adubação, tratados fitossanitários e até mesmo momento de colheita do milho.
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Estabelecimento da cultura e ponto de crescimento
O estabelecimento da cultura é um dos períodos mais sensíveis do milho a pragas, doenças e fenômenos da natureza. Conhecer a fenológica do milho, suas características e particularidades pode ser determinante nesse período. Conforme Ciampitti; Elmore; Lauer (2016), o ponto de crescimento (meristema apical) da planta de milho, está localizado abaixo da superfície do solo até o estádio V5.
Figura 1. Planta no estádio V3, mostrando o ponto de crescimento abaixo da superfície do solo.
Fonte: Magalhães & Durães (2006)
Controle de plantas daninhas
A presença de plantas daninhas em meio ao milho pode reduzir a produtividade da cultura em virtude da matocompetição imposta por elas por água, radiação solar e nutrientes. Sendo assim, conhecer o período anterior a interferência (PAI) de plantas daninhas na cultura do milho, assim como o período crítico de prevenção a interferência (PCPI) e o período total de prevenção a interferência (PTPI) é de suma importância para a evitar perdas produtivas em decorrência da matocompetição.
Infelizmente esses períodos podem variar em virtude de fatores como espécie e densidade populacional das plantas daninhas, contudo, a implantação da lavoura no limpo (semeadura no limpo) é uma das principais estratégias para proporcionar um bom desenvolvimento inicial para a cultura do milho, livre da competição com plantas daninhas. Segunda Vargas; Peixoto; Roman (2006), dependendo da espécie e densidade de plantas daninhas na cultura do milho, perdas de produtividade variando entre 10 e 80% podem ser observadas, além disso, a absorção de nutrientes por plantas daninhas pode reduzir a disponibilidade de nutrientes para o milho, principalmente os ofertados em cobertura como será visto posteriormente.
Adubação
Embora todos os nutrientes requeridos pelo milho desempenham funções essenciais para o bom crescimento e desenvolvimento vegetal, o nitrogênio é o macronutriente mais requerido pela cultura. Conforme observado por Lyra et al. (2014), o milho pode ser considerada uma espécie altamente responsiva a adubação nitrogenada, o que possibilita o fornecimento particionado de nitrogênio ao longo do desenvolvimento da cultura, em momentos determinantes para a obtenção de altas produtividades.
Figura 2. Produtividade de grãos de milho em função de diferentes doses de nitrogênio.
Fonte: Lyra et al. (2014)
Normalmente, quando necessário, a adubação nitrogenada na cultura do milho é realizada em cobertura, utilizado fertilizantes nitrogenados, nos estádios de desenvolvimento da cultura recomendados para tal prática. De modo geral, a adubação nitrogenada em cobertura é realizada nos estádios de V4 a V5, e a partir de V8 quando necessário (sendo mais aconselhada de V10 a V12).
Conforme destacado por Ciampitti; Elmore; Lauer (2016), a partir de V10, ocorre um rápido aumento da demanda do milho por água e nutrientes, dentre eles o nitrogênio. A deficiência de nutrientes pode afetar o número de grãos e o tamanho da espiga, logo, em conjunto com a adubação nitrogenada no início do desenvolvimento da cultura, esse é um dos períodos de maior importância do aporte nitrogenado, visando a obtenção de altas produtividades.
Déficit hídrico
Assim como a demanda nutricional, a evapotranspiração da cultura do milho aumenta durante o período reprodutivo da cultura, e com ela, o requerimento hídrico. No início do período reprodutivo, estádio R1, também conhecido como embonecamento ou polinização, a ocorrência de estresses hídricos pode interferir diretamente na produtividade do milho, reduzindo o número de óvulos fecundados e consequentemente a formação de grãos, em resposta a má polinização pelo secamento dos estilo estigmas (cabelos) do milho. Além disso, não se deve descuidar de insetos como a lagarta-da-espiga, que se alimentam dos “cabelos”. Deve-se combater essas pragas, caso haja necessidade (Magalhães & Durães, 2006).
Durante o período de enchimento de grãos ocorre um rápido acúmulo de nutrientes e matéria seca nos grãos, fato que torna essencial um bom manejo nutricional e hídrico durante esse período. Embora em cultivos de sequeiro não se tenha a possibilidade de melhor manejar a disponibilidade hídrica para a cultura, em cultivos irrigados pode-se adequar o manejo hídrico a fim de suprir as exigências da cultura durante esse período.
Silagem
Quando o objetivo da produção de milho é a confecção de silagem, conhecer a fenologia do milho é essencial para determinar o momento de colheita. Segundo Ciampitti; Elmore; Lauer (2016), o momento de colheita do milho silagem normalmente é definido quando se observa por volta de 50% dos grãos leitosos, o que normalmente ocorre no estádio R5 – Formação do dente. Contudo, cabe destacar que a linha de leite dos grãos de milho pode variar, sendo necessário acompanhamento da lavoura para melhor definição do momento de colheita do milho silagem.
Figura 3. Ilustração da evolução da linha de dureza dos grãos de milho (linha de leite).
Fonte: Segundo Ciampitti; Elmore; Lauer (2016)
Maturação fisiológica – colheita
Quando a finalidade da lavoura é a colheita dos grãos de milho, observar o ponto de maturação fisiológica da cultura é determinante. Normalmente a maturação fisiológica do milho é marcada pelo surgimento de uma pontuação preta (camada preta) na base do grão, em reflexo da interrupção da ligação entre o grão e a planta mãe. Esse estádio é denominado de maturação fisiológica ou R6. Além disso, cabe destacar que para um adequado processo de colheita, deve atentar para umidade dos grãos, sendo aconselhada a colheita quando os grãos atingirem umidade variando entre 14 e 15%.
Logo, conhecer a fenologia do milho é essencial para a adequada condução da lavoura e execução de práticas de manejo, visando não só a alta produtividade, mas também a rentabilidade e sustentabilidade do cultivo. Saiba quando a espiga está pronta para ser colhida clicando aqui!
Referências:
CIAMPITTI, I. A.; ELMORE, R. W.; LAUER, J. FASES DO DESENVOLVIMENTO DA CULTURA DO MILHO. Kansas State University Agricultural Experiment Station and Cooperative Extension Service, 2016.
LYRA, G. B. et al. CRESCIMENTO E PRODUTIVIDADE DO MILHO, SUBMETIDO A DOSES DE NITROGÊNIO NOS TABULEIROS COSTEIROS DE ALAGOAS. Rev. Ceres, Viçosa, v. 61, n.4, p. 578-586, jul/ago, 2014.
MAGALHÃES, P. C.; DURÃES, F. O. M. FISIOLOGIA DA PRODUÇÃO DE MILHO. Embrapa, Circular Técnica, n. 76, 2006.
VARGAS, L. et al. MANEJO DE PLANTAS DANINHAS NA CULTURA DO MILHO. Embrapa, Documentos, n. 61, 2006.
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