O ciclo de desenvolvimento da soja em dias do calendário civil pode variar em função da latitude e condições ambientais em que a soja é cultivada, principalmente por ser considerada uma cultura sensível ao fotoperíodo e soma térmica. Entretanto, havendo a necessidade de se padronizar as fases do desenvolvimento da cultura, não havendo distinção entre região de cultivo e possibilitar maior clareza na comunicação e assertividade de práticas culturais, escalas do desenvolvimento fenológico da soja foram criadas para uso na agricultura.
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O que é uma escala fenológica?
Levando em consideração que todas as “tomadas de decisão” e suas respectivas “recomendações técnicas” devem estar fundamentadas na familiaridade que o produtor ou o responsável técnico tenha com os diferentes estádios de desenvolvimento da planta cultivada e suas necessidades (Câmara, 2006), a escala fenológica ou escala de desenvolvimento como também é popularmente conhecida, busca determinar a “idade fisiológica” da planta e não “idade cronológica”, a fim de melhor embasar práticas de manejo com base nas necessidades da cultura, sendo considerada uma importante ferramenta de manejo.
Por meio da observação de caracteres morfológicas da planta, define-se uma escala de desenvolvimento associada as necessidades da cultura para atende-las através de práticas de manejo, proporcionando condições adequadas para a obtenção de boas produtividades. Embora diversas escalas fenológicas tenham sido definidas e estudadas para a cultura da soja, a nível mundial, a escala mais utilizada é a proposta por Fehr e Caviness (1977) e posteriormente adaptada por Yorinori (1996) no Brasil (Zanon et al., 2018).
Escala de Fehr e Caviness (1977)
A classificação dos estádios de desenvolvimento da soja, proposta por Fehr e Caviness (1977), identifica precisamente o estádio de desenvolvimento em que a soja se encontra no campo. O sistema proposto por eles divide os estádios de desenvolvimento da soja em estádios vegetativos e reprodutivos, onde os estádios vegetativos são designados pela letra V e os estádios reprodutivos pela letra R. Com exceção dos estádios VE e VC, as letras V e R são seguidas de índices numéricos que identificam estádios específicos (Farias; Nepomuceno; Neumaier, 2007).
Inicialmente a escala de desenvolvimento da soja proposta por Fehr e Caviness (1977) não subdividia o estádio R5. Posteriormente, havendo a necessidade de melhor subdivisão desse estádio para atender demandas de práticas de manejo, Yorinori (1996) adaptou a escala original proposta por Fehr e Caviness (1977).
O estádio R5 passou então a ser subdividido em cinco subperíodos, correspondendo aos estádios R5.1; R5.2; R5.3; R5.4 e R5.5. A subdivisão possibilitou aumentar a assertividade de práticas de manejo da soja, contribuindo para o bom posicionamento de ferramentas de produção adequadas para dado momento do ciclo de desenvolvimento da cultura.
Figura 1. Subdivisão do estádio R5 da escala fenológica de Fehr e Caviness (1977) proposto por Yorinori (1996).
Cabe destacar que para efeito de contagem, uma folha é considerada completamente desenvolvida quando os bordos de cada folíolo não se tocam mais na folha imediatamente acima da haste principal (Zanon et al., 2018). Confira abaixo a tabela com os estádios de desenvolvimento do ciclo da soja com base na escala proposta por Fehr e Caviness (1977) e posteriormente adaptada por Yorinori (1996).
Tabela 1. Estádios vegetativos do ciclo de desenvolvimento da soja, com base na escala proposta por Fehr e Caviness (1977).
Fonte: Fehr e Caviness (1977), adaptado de Zanon et al. (20180
Tabela 2. Estádios reprodutivos do ciclo de desenvolvimento da soja, com base na escala proposta por Fehr e Caviness (1977).
Fonte: Ritchie et al. (1982), adaptado de Zanon et al. (2018)
Referências:
CÂMARA, M. S. FENOLOGIA É FERRAMENTA AUXILIAR DE TÉCNICAS DE PRODUÇÃO. Visão Agrícola, n. 5, 2006.
FARIAS, J. R. B.; NEPOMUCENO, A. L.; NEUMAIER, N. ECOFISIOLOGICA DA SOJA. Embrapa, Circular Técnica, n. 48, 2007.
FEHR, W.R., CAVINESS, C.E. STAGES OF SOYBEAN DEVELOPMENT. Ames: Iowa State University, (Special Report, 80), 12p. 1977.
RITCHIE, S.; HANWAY, J. J.; THOMPSON, H. E. HOW A SOYBEAN PLANT DEVELOPS. Ames, Yowa: Yowa State University of Science and Technology, Cooperative Extension, 1982.
ZANON, A. J. et al. ECOFISIOLOGIA DA SOJA: VISANDO ALTAS PRODUTIVIDADES. Santa Maria, ed. 1, 2018.
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