Durante seu ciclo de desenvolvimento, uma planta passa por diversos estádio, os quais demandam diferentes exigências nutricionais, hídricas e térmicas. Sendo assim, conhecer os estádios fenológicos do milho é essencial para posicionar práticas de manejo desde o plantio do milho até as fases finais da cultura a fim de maior produtividade e rentabilidade do cultivo.
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Visando auxiliar na identificação dos estádios fenológicos do milho e possibilitar uma melhor comunicação entre técnicos e produtores, foram desenvolvidas diversas escadas fenológicas para a maioria das culturas de interesse agrícola e econômico. Para a cultura do milho, se convencionou a análise dos estádios fenológicos do milho embasada na escala fenológica proposta por Ritchie, Hanway e Benson (1993).
Com base na escala fenológica de Ritchie, Hanway e Benson (1993), a cada nova folha totalmente expandida corresponde um estádio vegetativo. Os símbolos que representam os estádios vegetativos são formados pela letra V e um algarismo que corresponde ao número de folhas totalmente expandidas. Os estádios reprodutivos passaram a ter símbolos formados pela letra R e um algarismo correspondente à sequência dos mesmos estádios da escala de Hanway (1963), a qual apresenta clareza e simplicidade (Bergamaschi & Matzenauer, 2014).
Tabela 1. Estádios vegetativos e reprodutivos da planta de milho.
Fonte: Magalhães & Durães (2006)
Durante a fase vegetativa do desenvolvimento do milho, cada estádio fenológico do milho é definido de acordo com a formação visível do colar na inserção da bainha da folha com o colmo. Logo, a primeira folha de cima para baixo, com o colar visível, é considerada completamente desenvolvida e, portanto, é contada como tal (Magalhães & Durães, 2006).
Estádios fenológicos do milho:
VE – Emergência
A emergência da planta de milho é definida como o momento em que ocorre o surgimento da primeira folha (cotilédone) acima da superfície de solo. Ciampitti; Elmore; Lauer (2016) destacam que para ocorra o processo de germinação, em média a semente de milho necessita absorver cerca de 30% do seu peso em água;
V1 – Primeira folha
Definido como a primeira folha com colar visível e ponta arredondada;
V2 – Segunda folha
Inicia-se o crescimento das raízes nodais e a senescência das raízes seminais;
V4 – Quarta folha
Emissão plena da quarta folha, as raízes nodais são dominantes e o crescimento das folhas ainda ocorre no meristema apical (ponto de crescimento), o qual ainda se encontra abaixo da superfície do solo;
V6 – Sexta folha
Seis folhas completamente desenvolvidas, com colar visível. A partir de V5 o ponto de crescimento já se encontra acima da superfície do solo. Entre V6 e V10 ocorre a determinação do potencial do número de fileiras por espiga;
V 10 – Décima folha
Décima folha completamente desenvolvida. É possível observar a formação das raízes adventícias;
Vt – pendoamento
É possível observar o último ramo do pendão no topo da planta. Ocorre a definição do potencial de grãos por fileira na espiga e inicia-se a definição tamanho das espigas.
Figura 1. Fases de desenvolvimento da cultura do milho.
Fonte: Ciampitti; Elmore; Lauer (2016)
Com relação aos estádios de desenvolvimento do período reprodutivo da cultura, cabe destacar que embora nãos seja considerado um estádio propriamente dito, a antese, é um momento determinante na cultua do milho, o qual consiste na liberação do pólen pelos estames.
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R1 – Embonecamento (polinização)
Popularmente conhecido como período de polinização, no estádio R1 (embonecamento) ocorre o desenvolvimento dos estilo estigmas do milho, o qual ocorre quase que simultaneamente a antese, recebendo o pólen dos estames. O pólen ao se depositar sobre os estigmas, inicia-se o processo de fecundação dos óvulos. Começa, então, o período de formação dos grãos do milho (Magalhães & Durães, 2006);
Figura 2. Plantas de milho em R1 – Embonecamento.
Fonte: Mais Soja
R2 – Grão bolha d’água
Ocorre o escurecimento dos estilo-estigmas (cabelos do milho). Nesse estádio inicia-se o enchimento dos grãos, que se assemelha a uma bolha com coloração branca e fluido transparente em seu interior e apresentam aproximadamente 85% de umidade (Ciampitti; Elmore; Lauer, 2016);
R3 – Grãos leitoso
Os estilo-estigmas secam e os grãos da espiga apresentam aspecto leitoso, resultante do processo de acúmulo de amido nos grãos e enchimento dos grãos;
R4 – Grão pastoso
Ocorre um rápido acúmulo de amido e nutrientes nos grãos, que apresentam em média 70% de umidade nesse estádio e aspecto pastoso;
R5 – Formação de dente
Aumenta o conteúdo de amido nos grãos, que apresentam redução da umidade e característica dentada;
R6 – Maturação fisiológica
É possível observar a formação de uma camada negra (preta) na base do grão, interrompendo a transferência de fotoassimilados da planta para os grãos. Pode-se dar início ao processo de colheita desde que em umidade adequada dos grãos.
Magalhães & Durães (2006) destacam que com relação ao período reprodutivo do desenvolvimento do milho, algumas características e particularidades devem ser analisadas a fim de melhor definição do estádio de desenvolvimento. Alguns genótipos do tipo “duro” não formam dente, dificultando a definição desse estádio. Como alternativa, pode-se apenas relacionar o estádio ao aumento gradativo da dureza dos grãos, por meio com acompanhamento da linha de dureza do grão.
Figura 3. Ilustração da evolução da linha de dureza dos grãos de milho e ponto enegrecido correspondente ao estádio R6.
Fonte: Ciampitti; Elmore; Lauer (2016)
Embora possa parecer uma tarefa complexa, a definição do estádio de desenvolvimento do milho, por meio do emprego de escalas fenológicas pode contribuir significativamente para a melhor comunicação entre técnicos e produtores, bom como melhor planejamento e adequação de práticas de manejo, sendo assim, de fundamental importância a boa condução da lavoura e obtenção de altas produtividades de milho.
Referências:
BERGAMASCHI, H.; MATZENAUER, R. O MILHO E O CLIMA. Porto Alegre: Emater/RS-Ascar, 2014.
CIAMPITTI, I. A.; ELMORE, R. W.; LAUER, J. FASES DO DESENVOLVIMENTO DA CULTURA DO MILHO. Kansas State University Agricultural Experiment Station and Cooperative Extension Service, 2016.
FANCELLI, A. L. MANEJO BASEADO NA FENOLOGIA AUMENTA A EFICIENCIA DE INSUMOS E PRODUTIVIDADE. Visão Agrícola, n. 13, 2015.
HANWAY, J. J. Growth stages of corn (Zea mays). Agronomy Journal, Madison, vol. 55, n. 5, 487-492, 1963.
MAGALHÃES, P. C.; DURÃES, F. O. M. FISIOLOGIA DA PRODUÇÃO DE MILHO. Embrapa, Circular Técnica, n. 76, 2006.
RITCHIE, S. W.; HANWAY, J. J.; BENSON, G. O. How a corn plant develops. Special Bulletin, Iowa, n. 48. 1993.
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