A produtividade do milho obtida ao final da safra é resultado de todo o ciclo de desenvolvimento da cultura. Para o milho, os componentes de produtividade começam a ser definidos já nos primeiros dias após a semeadura, durante a emergência das plântulas. Nessa fase, a ocorrência de pragas e doenças, com destaque para patógenos como Pythium, Fusarium, Rhizoctonia, Penicillium e Colletotrichum, reduzem o estande de plantas e, assim, comprometem o primeiro componente de rendimento, o número de espigas por unidade de área, pois diminuem a população final de plantas de milho na lavoura.
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Condições de clima ameno e chuvoso, que deixam o solo frio e úmido, e cultivo em sistema de plantio direto e compactação de solo favorecem ainda mais os patógenos citados e a mortalidade de plântulas. Nesse cenário, a emergência das plântulas torna-se lenta, muitas vezes ultrapassando o período de dias de residual oferecido pelo tratamento de sementes, deixando o milho ainda mais vulnerável às doenças. Assim, vemos que os cuidados e a necessidade de monitoramento da lavoura iniciam com seu estabelecimento.
Conforme as plantas desenvolvem-se e avançam nos estádios fenológicos, os demais componentes de produtividade do milho vão tendo seus potenciais estabelecidos, como o número de grãos por espiga, que é determinado em função do número de grãos e do comprimento das fileiras de cada espiga. E durante todo período vegetativo, também é preciso observar a lavoura de milho e estar atento às doenças. As ferrugens, por exemplo, ocorrem nesta fase, principalmente quando temos o uso de cultivares suscetíveis e o predomínio de condições ambientais favoráveis. Nesse caso, as medidas de controle e o uso de fungicidas devem ser considerados, de modo a evitar que elevados níveis de doenças alcancem as folhas acima da espiga na fase de florescimento da cultura.
Com a polinização, ocorre a definição do número real de grãos, pois somente os óvulos fecundados darão origem aos grãos. Nessa fase, a ocorrência de estresses prejudica potencialmente o rendimento final de grãos, pois compromete a polinização.
Após fecundado, é preciso que o grão se desenvolva, e para isso a planta entra em um processo intenso de direcionamento de fotoassimilados para o grão. É esse o período mais crítico para a cultura, em que a ocorrência de doenças é mais prejudicial. Nesta fase, que vai do pendoamento (VT) a grãos leitosos (R3), a incidência de doenças que comprometem a área foliar e, consequentemente, a capacidade fotossintética da planta, resultam em reduções significativas na produtividade de grãos. Assim, é essa fase que devemos ter em mente quando consideramos a proteção da lavoura mediante o controle químico com fungicidas.
Assim, podemos ver que é muito importante adotar estratégias preventivas de acordo com o manejo integrado e realizar o monitoramento constante da lavoura, pois uma planta sadia terá capacidade de atingir seu potencial e gerar altas produtividades.
Referências
CASELA, C. R.; FERREIRA, A. S.; PINTO, N. F. J. A. Doenças na Cultura do Milho. Embrapa: Sete Lagoas, MG, 2006. (Circular Técnica; 83).
SILVA, D. D.; COTA, L. V.; COSTA, R. V. Cultivo do milho: doenças. 9 ed. Embrapa Milho e Sorgo, Sistema de Produção, 2015.
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