Após o plantio e durante o ciclo de desenvolvimento da soja, certos cuidados são necessários para evitar perdas de produtividade e qualidade dos grãos ou sementes. Pragas, doenças e plantas daninhas podem desempenhar influência negativa no crescimento e desenvolvimento vegetal, comprometendo em alguns casos a produtividade e qualidade dos grãos, ou até mesmo a sobrevivência da planta.
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Plantio: qual a importância dos estádios de desenvolvimento da soja?
Como falamos anteriormente, deve-se conhecer os estádios de desenvolvimento da culturas e suas particularidades para um adequado planejamento das práticas de manejo que serão realizadas no cultivo da soja após o plantio. A escala de desenvolvimento mais utilizada a nível global para a cultura da soja é a escala proposta por Fehr & Caviness em 1977. Conforme descrito por Farias et al. (2007), com base na escala proposta por Fehr & Caviness (1977), o estádio V Cotiledonar é aquele em que os cotilédones da planta encontram-se completamente abertos e expandidos. Sendo assim, uma planta é considerada em VC quando as bordas de suas folhas unifolioladas não mais se tocam (Farias et al., 2007).
O que você precisa saber sobre o estádio V Cotiledonar da soja antes do plantio?
Nesse estádio, a planta começa a aumentar sua taxa fotossintética e por consequência a produção de fotoassimilados aumenta, diminuindo a dependência das reservas das sementes e cotilédones. O sistema radicular da planta cresce, aumentando o volume de solo explorado pelas raízes e possibilitando a absorção de água e nutrientes do solo. Com o crescimento e desenvolvimento do vegetal, ocorre a produção de fitormônios e a planta se prepara para posteriormente dar início ao processo de simbiose com bactérias fixadoras de nitrogênio.
Quais os cuidados necessários no estádio V Cotiledonar da soja?
Nesse estádio, alguns cuidados são necessários para evitar a incidência de pragas e patógenos. Segundo Zanon et al. (2018), antes do plantio o tratamento de sementes com fungicidas e inseticidas é essencial, possibilitando com que o efeito residual dos produtos promova proteção as plantas de soja nos estádios iniciais do seu desenvolvimento.
Segundo Henning et al. (2005), doenças como o Tombamento e morte em reboleira de rizoctonia (Rhizoctonia solani), Tombamento e murcha de esclerócio (Sclerotium rolfsii) e Podridão radicular de fitóftora (Phytophthora sojae) podem ocorrer no estádio inicial do desenvolvimento da soja, assim como algumas doenças foliares em casos de maior pressão de inoculo e condições ambientais favoráveis. Pragas como lagartas, corós e percevejos também podem incidir sobre a cultura após o plantio, sendo fundamental o monitoramento das áreas de cultivo para identificar a espécie e nível de controle.
Corós e lagartas podem prejudicar consideravelmente o desenvolvimento da soja, podendo comprometer sua produtividade e até mesmo a sobrevivência das plantas dependendo da intensidade e agressividade da praga. No que diz respeito aos percevejos, o ataque deles às plantas em VC não compromete diretamente a produtividade da soja, entretanto, podem servir como vetores de doenças virais para a cultura, sendo que tais doenças podem sim trazer prejuízos em relação a produtividade.
Áreas com histórico de doenças ou pragas de solos, assim como áreas com pré-disposição ao alagamento devem receber atenção especial. O estresse hídrico tanto por excesso quanto por falta de água pode prejudicar o crescimento e desenvolvimento das plantas de soja. Sendo assim, a sistematização de áreas de cultivo, especialmente em ambientes de terras baixas é fundamental para evitar perdas de produtividade da cultura.
No que diz respeito ao manejo de plantas daninhas na soja em VC, deve-se avaliar o período anterior a interferência, assim como o período crítico de prevenção a interferência e o período total de prevenção a interferência. Contudo, a semeadura da cultura “no limpo”, assim como a utilização de herbicidas pré e pós emergentes podem ser alternativas viáveis e eficientes no controle de plantas daninhas. Entretanto, deve-se priorizar a rotação de mecanismos de ação de herbicidas, visando diminuir a pressão de seleção de plantas daninhas e o manejo adequado de plantas resistentes.
Por Maurício dos Santos – Mais Soja
Referências:
FARIAS, J. R. B. et al. ECOFISIOLOGIA DA SOJA. Embrapa, Circular Técnica, n. 48, Londrina, set. 2007.
FEHR, W.R.; CAVINESS, C.E. STAGES OF SOYBEAN DEVELOPMENT. Ames: Iowa State University, (Special Report, 80), 12p. 1977.
HENNING, A. A. et al. MANUAL DE IDENTIFICAÇÃO DE DOENÇAS DE SOJA. Embrapa, Documentos, n. 256, Londrina, 2005.
ZANON, A. J. et al. ECOFISIOLOGIA DA SOJA: VISANDO ALTAS PRODUTIVIDADES. Santa Maria, 2018.
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