A fenologia do amendoim refere-se à classificação botânica das plantas visando detalhar as fases de crescimento e desenvolvimento vegetativo como germinação, emergência, crescimento do dossel e raízes e reprodutivo composto pelo florescimento, frutificação e maturação. O estudo da fenologia do amendoim é fundamental para auxiliar no manejo da cultura no campo e selecionarmos as melhores práticas de adubação, tratos culturais e colheita, com o objetivo de maximizar a eficiência agronômica e a produtividade da cultura.
A descrição do ciclo fenológico do amendoim foi detalhado anteriormente por Boote (1982). As fases de desenvolvimento foram divididas em duas: vegetativa e reprodutiva; que são representadas pelas letras maiúsculas “V” e “R”, respectivamente. A fase vegetativa compreende os estádios fenológicos entre VE e V6. O estádio VE é a emergência da plântula. Logo em seguida se inicia o estádio V1 – primeira folha composta (pecíolo com quatro folíolos) na haste principal totalmente expandida. O estádio V2 é caracterizado pela segunda folha totalmente expandida e início da formação dos nódulos radiculares. Até o estádio V6 a planta é caracterizada pelo número de folhas compostas totalmente expandidas. A fase vegetativa do amendoim oscila entre 25 e 35 dias (cultivares modernas tipo Runner – porte rasteiro – nas condições climáticas do Brasil), sendo dependente do ciclo da cultivar e temperatura, principalmente. Na fase vegetativa o principal investimento da planta está no desenvolvimento do sistema radicular e dos nódulos, sendo esses os principais drenos de carboidratos da planta nessa fase de desenvolvimento. Dessa forma estresses bióticos e abióticos na fase vegetativa podem reduzir a taxa de crescimento radicular e eficiência da fixação biológica de nitrogênio (FBN) devido a menor nodulação da planta, resultando em menor tolerância à seca e nutrição com nitrogênio, respectivamente.
A fase reprodutiva se inicia aproximadamente aos 30 dias após a emergência, sendo dividida pelos estádios R1, R2, R3, R4, R5, R6, R7, R8 e R9. Um ponto importante para a cultura do amendoim é que as vagens se desenvolvem no interior do solo e partir do estádio R3 há necessidade de retirar as estruturas reprodutivas do solo para avalição da fenologia. O primeiro estádio reprodutivo é R1 sendo caracterizado pela primeira flor em qualquer nó da planta. No estádio R2, ocorre a formação do ginóforo (estrutura reprodutiva que fixa as vagens ao solo). Em R3 acontece a penetração do ginóforo no solo e início do desenvolvimento do ovário fecundado. Para avaliação do estado nutricional da cultura é adequado realizar a coleta das folhas compostas entre os estádios R2-R3, pois a partir desse momento haverá maior taxa de redistribuição de carboidratos das folhas para as estruturas reprodutivas.
A frutificação se inicia no estádio R4 – fruto bem desenvolvido no interior do solo, mas ainda sem sementes bem desenvolvidas. Entre os estádios R1 e R4 é definido principalmente o número de vagens por planta, portanto melhores condições nutricionais e ambientais (temperatura, radiação e precipitação) tendem a melhorar esse componente de produção do amendoim. A partir do estádio R4 para identificar o estádio fenológico é necessário a avaliação da cor do endosperma dos frutos através da raspagem das vagens (Figura 1).
No estádio R5 (endosperma na cor branca) ocorre o início da formação das sementes no interior do fruto, nesse momento é definido o número de grãos por vagem. Entre os estádios R6 (endosperma coloração amarela) e R7 (endosperma laranja) ocorre o enchimento dos grãos, ou seja, ganho de tamanho e peso dos grãos. A maturação plena ocorre no estádio R8 (endosperma marrom) – onde, se 70% dos frutos estão maduros recomenda-se início da colheita. Também é no estádio R8 que se obtém a máxima qualidade fisiológica das sementes. O estádio R9 (endosperma preto) é caracterizado pela maturidade ultrapassada. A fase reprodutiva tem duração de aproximadamente 90 dias, sendo o ciclo total do amendoim entre 120 e 140 dias no Brasil. Na fase reprodutiva o principal dreno da planta são os frutos, e a taxa de crescimento radicular diária é menor. É importante realizar a tomada de decisão no campo em função da “idade fisiológica” da planta e não a “idade cronológica”, pois a idade cronológica se difere em função do ambiente de produção e ciclo da cultivar.
Autor
Literatura consultada
Boote, K. J. (1982). Growth stages of peanut (Arachis hypogaea L.). Peanut science, 9(1), 35-40. https://doi.org/10.3146/i0095-3679-9-1-11
Okada, M. H., Oliveira, G. R. F. D., Sartori, M. M. P., Crusciol, C. A. C., Nakagawa, J., & Amaral da Silva, E. A. (2021). Acquisition of the physiological quality of peanut (Arachis hypogaea L.) seeds during maturation under the influence of the maternal environment. Plos one, 16(5), e0250293. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0250293
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