A fenologia do milho caracteriza o desenvolvimento da planta, sendo considerada uma importante ferramenta para aumentar a eficiência do uso de insumos e posicionamento de práticas de manejo. Anteriormente à definição das escalas fenológicas, as recomendações de manejo baseavam-se na simples escala de tempo, representada pelo número de dias transcorridos após a semeadura, emergência, florescimento ou outros eventos relacionados à planta (Francelli, 2015). O autor ainda destaca que a referência da escala de tempo causava grande perda de eficiência do uso de insumos e defensivos na cultura do milho, uma vez que há grande variabilidade quanto ao ciclo, como por exemplo, genótipos extremamente precoces cuja polinização pode ocorrer 30 dias após a emergência.
Como alternativa, foram desenvolvidas escalas fenológicas possibilitando a melhor comunicação no campo bem como o posicionamento de práticas de manejo mais assertivas. As principais escalas fenológicas desenvolvidas para a cultura do milho foram a escala de Hanway (1963) e a estala de Ritchie, Hanway e Benson (1993).
A escala proposta por Hanway (1963) foi a mais utilizada internacionalmente, em especial durante o final do século XX. Essa escala se caracterizava por apresentar uma sequência de estádios numerados em ordem crescente, da emergência das plântulas à maturação fisiológica dos grãos. Sua clareza e simplicidade tornaram esta escala amplamente conhecida e adotada. Após adaptação por Fancelli (1986) no Brasil, foi acrescentada a duração média dos intervalos entre os estádios da cultura que considera uma ampla faixa de genótipos e climas brasileiros (Bergamashi & Matzenauer, 2014). Quadro 1. Escala fenológica do milho segundo Hanway (1963), adaptada por Fancelli (1986).
![Escala fenológica do milho segundo Hanway (1963), adaptada por Fancelli (1986).](https://www.stoller.com.br/wp-content/uploads/2025/02/Escala-fenologica-do-milho-segundo-Hanway-1963-adaptada-por-Fancelli-1986.png)
Ao longo do desenvolvimento da planta ocorrem diferentes processos metabólicos, fisiológicos e efeitos de causas climáticas/ambientais. Portanto conhecer as diferentes fases do desenvolvimento do milho é fundamental para o posicionamento assertivo das práticas de manejo, o que contribui diretamente para a melhor formação dos componentes de produtividade e produtividade final da lavoura.
Definir estratégias que possibilitem a redução de estresses ao longo do desenvolvimento do milho, em especial em fases críticas, é determinante para a obtenção de boas produtividades; lembrando que essas estratégias só são eficientes se posicionadas no adequado momento da fenologia (cada fase demanda diferentes cuidados). Basicamente, o ciclo de desenvolvimento do milho é dividido em dois momentos; fase vegetativa (representada pela letra V) e fase reprodutiva (representada pela letra R).
Quadro 2. Estádios fenológicos de uma planta de milho, pela escala de Ritchie, Hanway e Benson (1993).
![Estádios fenológicos de uma planta de milho, pela escala de Ritchie, Hanway e Benson (1993).](https://www.stoller.com.br/wp-content/uploads/2025/02/Estadios-fenologicos-de-uma-planta-de-milho-pela-escala-de-Ritchie-Hanway-e-Benson-1993.png)
A produtividade do milho é definida por seus componentes de produtividade, os quais podem ser primários (afetam diretamente a produtividade) e secundários (afetam indiretamente a produtividade). De acordo com Ribeiro et al. (2020), são componentes primários de produtividade: número de plantas por hectare, número de grãos por espiga e massa de grãos. Já os componentes secundários são estatura de planta, altura de inserção da espiga e diâmetro do colmo.
Considerando que parte dos componentes de produtividade do milho são formados em períodos específicos do desenvolvimento da planta (quadro 3), conhecer esses períodos é determinante para embasar práticas de manejo.
Quadro 3. Estádios críticos do crescimento e seus componentes para definição da produção de milho.
![Estádios críticos do crescimento e seus componentes para definição da produção de milho.](https://www.stoller.com.br/wp-content/uploads/2025/02/Estadios-criticos-do-crescimento-e-seus-componentes-para-definicao-da-producao-de-milho.png)
De acordo com Borges & Gassen (2017) quando a planta possui em torno de 8 folhas, define-se o número de grãos por fileira na espiga, e com 12 folhas (V12), a planta está definindo o tamanho da espiga, sendo estes, portanto, momentos em que a planta tem elevada demanda de nutrientes e água. Conhecer a fenologia do milho também influencia nas práticas de manejo relacionadas a adubação.
![Guia de fases do milho](https://www.stoller.com.br/wp-content/uploads/2022/01/Guia-de-fases-milho-1600x900.jpg)
Coelho (2015), destaca que a absorção de nitrogênio pelo milho ocorre de forma intensa no período que se estende desde os 40 dias após a semeadura (elongação, estádio V6) até o florescimento masculino (emissão do pendão), nesse período a planta absorve mais de 70% da sua demanda total de nitrogênio.
Durante o período reprodutivo do milho, a evapotranspiração da planta assim como a demanda nutricional, aumenta, elevando também o requerimento hídrico da cultura. Além disso, é importante monitorar insetos, como a lagarta-da-espiga, que se alimentam das estruturas reprodutivas do milho, e realizar o controle dessas pragas quando necessário (Magalhães & Durães, 2006).
Outras pragas, bem como doenças, também podem acometer a cultura em seus diferentes estádios do desenvolvimento, algumas com maior frequência na fase vegetativa, outras na fase reprodutiva. Nesse sentido, a fenologia é uma importante ferramenta de manejo não só para identificar as fases do desenvolvimento da planta, como também para embasar o monitoramento de pragas e doenças, possibilitando maior assertividade ao definir o momento de controle.
Tendo analisado todos esses aspectos, conclui-se que o conhecimento sobre fenologia é uma ferramenta indispensável de manejo que possibilita não só a melhor comunicação no campo como também o aumento da eficiência do uso de insumos e defensivos agrícolas.
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