Os fertilizantes foliares atuam como um ajuste fino do equilíbrio nutricional da planta, potencializando a formação dos componentes de produtividade, como o peso dos grãos. O adequado balanço nutricional é indispensável para a obtenção de boas produtividades, independentemente da cultura agrícola trabalhada. Embora a extração e exportação de nutrientes possa variar de acordo com a cultura e expectativa de produtividade, sabe-se que a deficiência de determinado nutriente, seja ele macro ou micronutriente, limita a produtividade da planta, mesmo os demais nutrientes estando disponíveis em elevadas concentrações.
Popularmente conhecido como Lei do Mínimo ou Lei de Liebig, esse fato demonstra que o equilíbrio nutricional é fundamental para que a planta possa suprir suas necessidades fisiológicas, bem como expressar seu potencial produtivo, sem limitações nutricionais.
Normalmente, se tratando de culturas agrícolas anuais, é comum focar as atenções para o manejo dos macronutrientes, os quais são requeridos em maiores quantidades (especialmente Nitrogênio, Fósforo e Potássio) e fornecidos via solo. Entretanto, considerando que a produtividade de uma lavoura é limitada pelo nutriente cuja concentração é inferior ao mínimo requerido pela planta (Lei do Mínimo), o manejo dos micronutrientes também é indispensável para a obtenção de altas produtividades, independentemente da cultura cultivada.
Dentre os principais micronutrientes envolvidos no metabolismo vegetal, destacam-se: Ferro, Manganês, Zinco, Boro, Cobre e Molibdênio. Esses micronutrientes desempenham diferentes funções no metabolismo vegetal, atuando diretamente em processos vitais para a planta, além de estarem envolvidos em processos simbióticos como é o caso da Fixação Biológica de Nitrogênio em leguminosas (Tagliapietra et al., 2022).
Os micronutrientes também desempenham um papel essencial na resistência das plantas a estresses abióticos e bióticos, incluindo a resistência a pragas e doenças, estando envolvidos também em respostas fisiológicas como regulação osmótica e a ativação enzimática, confirmando o papel crucial do equilíbrio nutricional na tolerância das plantas aos estresses hídrico e térmico (Hansel et al., 2021).
Tabela 1. Principais funções dos micronutrientes na planta.
Em função dos micronutrientes serem requeridos em pequenas quantidades, normalmente em gramas por hectare ou gramas por tonelada de grãos (Oliveira Junior et al., 2020), nem sempre a adubação dos micronutrientes via distribuição de fertilizantes sólidos é uma alternativa viável e eficiente tecnicamente.
Como alternativa operacional para o aporte micronutricional em escala comercial, pode-se realizar a adição de micronutrientes no tratamento de sementes, e/ou via aplicação foliar em determinados estádios do desenvolvimento da cultura. No entanto, para um manejo eficiente, com bons resultados produtivos, é fundamental analisar as características do nutriente para definir a forma de aplicação.
Um dos fatores a se considerar é a mobilidade do nutriente no solo e na planta. Alguns micronutrientes apresentam baixa mobilidade na planta e maior mobilidade no solo. Nesse caso, a adubação micronutricional via tratamento de sementes é mais aconselhada. Já se tratando daqueles micronutrientes que apresentam maior mobilidade na planta, a adubação foliar é uma alternativa mais prática e eficiente, possibilitando o aporte nutricional de acordo com o estádio de desenvolvimento da planta.
Tabela 2. Mobilidade de nutrientes no solo e planta
Além dos micronutrientes, em função da mobilidade na planta, alguns macronutrientes também podem ser aplicados via foliar, e contribuir para o aumento da produtividade, como é o caso do Enxofre (Rezende et al., 2009). A aplicação foliar de macronutrientes não substitui a adubação de base (solo), entretanto, contribui para mitigar efeitos de estresses abióticos ou nutricionais, bem como para potencializar a formação de componentes de produtividade. No geral, tanto macronutrientes quando micronutrientes são requeridos em maiores quantidades durante o período reprodutivo das plantas, em especial no enchimento de grãos.
Considerando que nessa fase a planta também apresenta seu ápice de área foliar, a adubação via solo é praticamente inviável operacionalmente. Nesse sentido, os fertilizantes foliares surgem como ferramentas para o ajuste fino do equilíbrio nutricional, possibilitando o posicionamento nos estádios mais avançados do desenvolvimento das culturas.
Diversos estudos têm apontado a contribuição dos fertilizantes foliares para o aumento da produtividade das culturas agrícolas, principalmente quando posicionados no período reprodutivo das culturas. Analisando o efeito da aplicação de diferentes fertilizantes foliares sobre a produtividade da soja, Veneziano (2018) observou que a aplicação de fertilizantes foliares contribuiu não só para o aumento da produtividade da soja, como também para proporcionar melhores condições para a planta tolerar períodos de estresse.
Corroborando a contribuição da aplicação de fertilizantes foliares para a produtividade, para a cultura da soja, Agnes et al. (2018), assim como Ferreira et al. (2018), observaram que a aplicação de fertilizantes foliares, contendo Cobalto e Molibdênio contribuiu efetivamente para o aumento da produtividade da soja, apresentando a mesma eficiência da adubação realizada com esses nutrientes no tratamento de sementes.
No entanto, vale destacar que os resultados produtivos em função da aplicação de fertilizantes foliares estão condicionados ao estado nutricional ou de estresse da planta, bem como período em que os fertilizantes são aplicados. Em suma, a adubação foliar serve como um ajuste fino do equilíbrio nutricional da planta, contribuindo para a melhoria das condições relacionadas a tolerância de períodos de estresse, bem como para potencializar a formação de componentes de produtividade como peso de grãos. Contudo, se tratando de macronutrientes, é imprescindível compreender que a adubação com fertilizantes foliares não substitui a adubação de base (solo), mas sim, a complementa.
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