Para a obtenção de elevadas produtividades, o ajuste fino da fertilidade do solo e nutrição das plantas de milho é indispensável. Embora macro e micronutrientes sejam diferenciados principalmente pela quantidade requerida pelas plantas, ambos desempenham funções essenciais no metabolismo vegetal, sendo que a deficiência de um macro ou micronutriente pode limitar a produtividade do milho, mesmo que os demais estejam disponíveis em grandes quantidades para as plantas, fato conhecido como Lei de Liebig ou Lei do Mínimo.
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Além da produtividade, crescimento e desenvolvimento da planta de milho podem ser diretamente afetados por deficiências nutricionais, sendo assim, deve-se destinar atenção especial ao requerimento nutricional do milho, visando reduzir a ocorrência de deficiências nutricionais. Contudo, normalmente, a nutrição do milho é baseada principalmente no consumo de macronutrientes pela cultura, sendo os mais conhecidos o Nitrogênio, o Fósforo e o Potássio (N-P-K) respectivamente.
Micronutrientes na cultura do milho
Embora muitas vezes negligenciados, os micronutrientes são essenciais para o bom crescimento, desenvolvimento e produtividade do milho. Segundo Silva et al. (2016), até o estádio V8, plantas de milho acumularam nutrientes em sua parte aérea na seguinte ordem decrescente: N>K>Ca>Mg>S>P>Fe>Mn>Zn>B>Cu. Ainda que haja um menor acúmulo de micronutrientes em comparação aos macronutrientes, eles são indispensáveis para a obtenção de altas produtividade de milho.
Assim como macronutrientes, micronutrientes são extraídos e exportados pelo milho, havendo distinção de quantidade em função da produtividade da cultura. Quando maior a produtividade, maior a extração e exportação de micronutrientes.
Tabela 1. Extração (Extra) e Exportação (Expor) de nutrientes segundo a expectativa de produtividade do milho.
Fonte: Gitti & Rizzato (2018)
Ainda que as quantidades requeridas de micronutrientes pela cultura do milho sejam relativamente pequenas, o aporte desses micronutrientes é essencial para a boa produtividade da lavoura. Conforme destacado por Coelho (2006), para uma produtividade de 9 toneladas de grãos/ha, são extraídos: 2.100 g de ferro, 340 g de manganês, 400 g de zinco, 170 g de boro, 110 g de cobre e, 9 g de molibdênio.
A deficiência ou carência de algum micronutriente na cultura pode limitar a produtividade do milho, resultando em baixos rendimentos. Dessa forma, assim como para macronutrientes, a análise, manejo e adubação com micronutrientes é essencial para a cultura do milho, especialmente em áreas de produção onde não há grande diversidade de culturas e/ou rotação de culturas.
Como identificar os teores de micronutrientes?
A análise dos teores de micronutrientes no solo pode ser realizada por meio da análise química da fertilidade do solo. Posteriormente a essa análise, os resultados devem ser analisados e adubação deve seguir as recomendações técnicas para a cultura e região de cultivo. Além disso, por se tratar de pequenas quantidades de nutrientes, é possível realizar a análise foliar da cultura do milho.
A utilização da análise foliar como critério diagnóstico baseia-se na premissa de existir uma relação significativa entre o suprimento de nutrientes e os níveis dos elementos. Para o milho, a folha inteira oposta e abaixo da primeira espiga (superior), excluída a nervura central, coletada por ocasião do aparecimento da inflorescência feminina (embonecamento) é comumente utilizada para avaliar o estado nutricional (Coelho & França, 1995).
Uma das principais limitações da análise foliar do milho visando analisar os níveis nutricionais esta relacionada a necessidade de a cultura estar implantada. Logo, esse tipo de análise é aconselhado para futuros programas de manejo da fertilidade do solo e nutrição do milho. Contudo, pode ser considerada uma excelente ferramenta para acompanhamento e análise dos teores nutricionais do milho, especialmente se tratando dos micronutrientes.
Tabela 2. Teores foliares de nutrientes considerados adequados para a cultura do milho.
Fonte: Coelho & França (1995)
Em caso de deficiências nutricionais, dependendo do micronutriente, esse pode ser fornecido via foliar ou mineral dependendo do programa de manejo da lavoura e mobilidade do nutriente. Em virtude de serem requeridos em menores quantidades, normalmente o aporte de micronutrientes em culturas agrícolas é realizado em adição ao fornecimento de outros fertilizantes ou defensivos agrícolas.
Cabe destacar que nutricionalmente, tanto macro como micronutrientes desempenham importante papel fisiológico e bioquímico na cultura do milho, e que a deficiência de um micronutriente, assim como de um macro, pode limitar a produtividade da cultura, impedindo com que a planta expresse seu potencial produtivo.
Referências:
COELHO, A. M. NUTRIÇÃO E ADUBAÇÃO DO MILHO. Embrapa, Circular Técnica, n. 78, 2006.
COELHO, A. M.; FRANÇA, G. E. SEJA O DOUTOR DO SEU MILHO: NUTRIÇÃO E ADUBAÇÃO. POTAFOS, Arquivo Agronômico, n. 2, 1995.
GITTI, D. C.; RIZZATO, L. A. MANEJO DA NUTRIÇÃO E SEUS EFEITOS NA PRODUTIVIDADE DO MILHO SAFRINHA. Fundação MS, Tecnologia e Produção: Milho Safrinha 2018, 2018.
SILVA, R. L. L. et al. MARCHA DE ABSORÇÃO DE NUTRIENTES EM CULTIVARES DE MILHO. XXXI Congresso Nacional de Milho e Sorgo, 2016.
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