No Brasil cerca de 90% das plantações de algodão são cultivadas em sistema de sequeiro, ou seja, sem irrigação. Apesar do algodão ser considerado uma planta tolerante ao déficit hídrico, dependendo da fase fenológica que ocorre a falta de água podem haver grandes perdas na produtividade da plantação de algodão e na qualidade da fibra.
Não consegue ler agora? Aproveita então para ouvir a versão em áudio deste post no player abaixo:
Entre a emergência e o surgimento das primeiras estruturas reprodutivas a demanda hídrica do algodoeiro é baixa, até 2,5 mm por dia, mas no início do florescimento aumenta para 6 mm por dia, e em pleno florescimento com surgimento das maçãs pode chegar até 10 mm por dia. Em geral 700 mm bem distribuídos durante o ciclo da cultura resulta em altas produtividade e boa qualidade da fibra. Acontece que nem sempre há distribuição adequada da precipitação durante o ciclo, havendo assim necessidade de melhorar o armazenamento de água no solo e melhorar a exploração do solo por meio do maior crescimento radicular.
A primeira estratégia para melhorar a eficiência no uso da água na plantação de algodão consiste em melhorar a fertilidade do solo em profundidade, eliminando limitações químicas como presença de alumínio, e melhorar a disponibilidade dos nutrientes em profundidade, principalmente cálcio, fósforo e boro, que são os principais responsáveis pelo melhor crescimento radicular. Também é importante melhorar a física do solo, por meio do Sistema de Semeadura Direta, rotação de culturas e plantas de cobertura, que levam a maior formação de bioporos, facilitando o crescimento radicular do algodoeiro. Adicionalmente, a cobertura do solo reduz as perdas de água por evaporação. Outro ponto importante que poucas vezes é considerado é utilizar cultivares com maior vigor de crescimento radicular.
O ajuste da densidade de plantas e o uso adequado do regulador de crescimento também são importantes para ajustar o tamanho dossel. Lavouras com alta densidade de plantas têm maior consumo de água por área, portanto em ambientes com restrição hídrica como em solos arenosos ou em regiões com disponibilidade de chuvas limitadas (1200 mm), deve-se controlar o tamanho do dossel (índice de área foliar) através do espaçamento, densidade e uso adequado de nitrogênio. Os reguladores de crescimento controlam o crescimento da planta, o que evita o consumo excessivo de água. Porém deve-se evitar altas doses de cloreto de mepiquate na fase inicial do algodoeiro (primeiros botões florais) porque isso pode limitar o crescimento radicular, e reduzir a capacidade de exploração do solo.
Com relação a nutrição mineral da planta deve-se evitar a aplicação de altas doses de nitrogênio, pois isso aumentará o tamanho do dossel e consequentemente o consumo de água devido a maior transpiração. O melhor suprimento de potássio é fundamental para ajustar a condutância estomática, evitando perdas excessivas de água. Nesse cenário o melhor manejo do solo, escolha correta da cultivar e densidade da plantas, associado ao manejo adequado do regulador de crescimento e dos nutrientes é fundamental para melhorar a eficiência de uso da água e reduzir o risco de produção.
0 comentários