O milho é uma das principais culturas produtoras de grãos do sistema de produção agrícola, desempenhando importante papel na rotação de culturas com a soja. Cultivada tanto na modalidade safra quanto “safrinha” (milho segunda safra), o milho contribui para a sustentabilidade, rentabilidade e melhor uso da terra. Como exerce papel econômico, altas produtividades são buscadas safra após safra, tornado o milho uma cultura competitiva e em muitos casos, de alto nível tecnológico. Contudo, um dos principais fatores limitantes da produtividade do milho é a fertilidade do solo, sendo frequentemente discutido quantos quilos de adubo por hectare para milho necessários para a obtenção de boas produtividades.
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Quantos quilos de adubo por hectare para milho?
Primeiramente cabe destacar que conforme demonstrado pela Lei de Liebig ou Lei no Mínimo como é popularmente conhecida, a deficiência de um nutriente pode limitar a produtividade de uma cultura, mesmo estando os demais disponíveis em quantidades suficientes para suprir as exigências da cultura. Além disso, embora o milho seja considerado medianamente tolerante a condições de acidez e toxidez de alumínio, Prado (2001) destaca que reduções de produtividade variando entre 7% e 47% podem ser observadas em função do aumento da saturação por alumínio no solo.
Com isso em vista, a correção da acidez e pH do solo devem ser realizadas anteriormente a adubação da cultura. Além da saturação por alumínio reduzir a produtividade do milho, Gitti; Roscoe; Rizzato (2018), destacam que o pH do solo exerce influência sobre a disponibilidade de nutrientes no solo, logo, visando a melhor eficiência do uso dos fertilizantes, o solo cultivado deve apresentar pH ideal.
Figura 1. Relação entre pH e disponibilidade de nutrientes no solo.
Embrapa (2013)
Partindo do pressuposto que o solo apresenta pH adequado e ausência de alumínio tóxico às plantas (alumínio solúvel), a adubação do milho deve seguir dois princípios básicos: corrigir os níveis nutricionais do solo quando necessário e suprir as exigências nutricionais da cultura. A quantidade de adubo necessário para corrigir os níveis nutricionais no solo pode variar em função de uma série de fatores, tais com fontes de nutrientes, características de solo como teor de argila, culturas antecessoras, entre outros.
Já se tratando de suprir as exigências nutricionais do milho, a quantidade de adubo deve garantir os nutrientes absorvidos e exportados pela cultura, sendo calculada em função do requerimento nutricional do milho e expectativas de produtividade da cultura. A exportação de nutrientes pela cultura do milho foi estudada por diversos autores, contudo, levando-se em consideração os valores médios (o maior entre safra e safrinha) e, no caso do P e K, que são muito críticos para cálculo da adubação do milho, os valores máximos em 90% das lavouras, sugere-se utilizar no Brasil os seguintes valores de referência para o cálculo da exportação de nutrientes pelo milho: N = 17; P = 8; K = 13,2; Ca = 1,7; Mg = 2,1; S = 1,2 Fe = 12,0; Mn = 6,3; Cu = 1,9; Zn = 23; B = 4,4 (Duarte et al., 2018).
Tabela 1. Extração média de nutrientes pela cultura do milho destinada á produção de grãos e silagem em diferentes níveis de produtividades.
1/ Para converter P em P2O5; K em K2O; Ca em CaO e Mg em MgO, multiplicar por 2,29; 1,20; 1,39 e 1,66; respectivamente.
Fonte: Coelho & França (1995), apud. Coelho (2006)
Normalmente a adubação da cultura do milho é voltada principalmente aos macronutrientes requeridos em maiores quantidades, sendo eles, o Nitrogênio (N), o Fósforo (P) e o Potássio (K), entretanto, os micronutrientes também desempenham funções essenciais no metabolismo vegetal, sendo que a deficiência de um deles (Mn, Zn, Fe, Cu, B e Mo) pode limitar a produtividade do milho, assim como a deficiência de um macronutriente.
Sobretudo, é consenso que o milho apresenta respostas produtivas positivas principalmente em função do aporte dos macronutrientes, contudo, a critério de importância (especialmente utilizando fertilizantes N-P-K), primeiramente deve-se ajustar a dose de Fósforo requerida, em virtude da baixa mobilidade desse nutriente no solo (Pereira, 2009). Os demais nutrientes, em especial o Nitrogênio, podem ser fornecidos em parte na base de semeadura e o restante em cobertura na pós emergência da cultura.
Figura 2. Exportação de Nitrogênio, Fósforo e Potássio nos grãos de milho.
Fonte: Duarte et al. (2018)
Cabe destacar que além da exportação pela cultura, características de solo e expectativas de produtividade, os quilos de adubo por hectare para o milho também podem variar em função do teor de nutrientes no adubo/fertilizante, sendo necessário corrigir o calculo da quantidade de adubo, sempre que utilizadas fontes de fertilizantes com concentrações distintas de nutrientes.
Para tanto, é possível adequar o calculo com base nas formulações de adubo disponíveis para aquisição e uso, ajustando primeiramente a dose de Fósforo e posteriormente Potássio e Nitrogênio, podendo-se utilizar de outras fontes desses nutrientes como cloreto de potássio e ureia, respectivamente, para suprir a adubação do milho. Logo, pode-se afirmar que a quantidade de adubo por hectare para a cultura do milho varia em função do fertilizante utilizado, condições de solo, exportação da cultura e expectativas de produtividades, havendo diferenças inclusive entre áreas da mesma lavoura.
Referências:
COELHO, A. M. NUTRIÇÃO E ADUBAÇÃO DO MILHO. Embrapa, Circular Técnica, n. 78, 2006.
DUARTE, A. P. et al. CONCENTRAÇÃO E EXPORTAÇÃO DE NUTRIENTES NOS GRÃOS DE MILHO. IPNI, Informações Agronômicas, n. 163, 2018.
GITTI, D. C.; ROSCOE, R.; RIZZATO, L. A. MANEJO E FERTILIZADADE DO SOLO PARA A CULTURA DA SOJA. Fundação MS, Tecnologia e Produção: Soja 2018/2019, 2019.
PEREIRA, H. S. NUTRIENTES: FÓSFORO E POTÁSSIO EXIGEM MANEJOS DIFERENCIADOS. Visão Agrícola, n. 9, 2009.
PRADO, R. M. SATURAÇÃO POR BASES E HÍBRIDOS DE MILHO SOB SISTEMA PLANTIO DIRETO. Scientia Agrícola, Piracicaba, v. 58, n. 2, p. 391-394, 2001.
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