O solo é o principal substrato para a produção vegetal sendo responsável por servir como fonte de sustentação, água e nutrientes paras as plantas. Entretanto, para promover bom crescimento e desenvolvimento vegetal, um solo necessita apresentar boa estrutura.
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Mas afinal, o que é estrutura do solo?
Estrutura do solo é o arranjo estabelecido pela ligação das partículas primárias do solo entre si por substâncias diversas encontradas no solo, como matéria orgânica, óxidos de ferro e alumínio, carbonatos, sílica, dentre outros, dando origem aos agregados do solo.
A estrutura é caracterizada conforme três aspectos:
– Tipo: laminar, prismática, colunar, blocos angulares, blocos subangulares, granular
– Tamanho: muito pequena, pequena, média, grande muito grande
– Grau de desenvolvimento: solta, fraca, moderada, forte (Embrapa Solos).
Como a estrutura do solo influencia o crescimento e desenvolvimento vegetal?
Segundo Capeche (2008), a estrutura do solo exerce influência direta em características como maior infiltração, armazenamento e disponibilidade de água para as plantas; espaço poroso para trocas gasosas no sistema radicular das plantas; atividade biológica do solo (macro, meso e microfauna do solo); resistência a erosão e compactação, além de estar relacionada a maior eficácia de corretivos agrícolas no solo.
Com relação a produtividade, como ela pode ser influenciada pela estrutura do solo?
Embora existam variações na composição da estrutura dos solos, havendo uma grande diversidade de solos, os quais distinguem inclusive quanto ao teor de argila e classe de agregados, de maneira geral solos de boa estrutura física tendem a apresentar maior taxa de infiltração de água, refletindo em maior água armazenada e disponibilidade para as plantas. Fato que pode ser observado principalmente em períodos de déficit hídrico, onde plantas cultivadas em solos com boa estrutura tendem a apresentar maior tolerância a pequenos períodos de déficit.
Além disso um dos um dos principais fatores relacionados a estrutura do solo que contribui para a redução da produtividade de culturas agrícolas é a compactação do solo. Solos bom baixa qualidade estrutural e compactados tendem a apresentar baixo volume de macroporos, reduzido espaço aéreo e reduzida infiltração de água, exercendo influência negativa ainda no crescimento e desenvolvimento do sistema radicular das plantas.
Conforme observado por Cardoso et al. (2006), avaliando o sistema radicular da soja em função da compactação do solo no sistema de plantio direto, plantas cultivadas em solos compactados apresentam reduzido volume de raízes, fato que por consequência limita o volume de solo explorado, e com ele a absorção de água e nutrientes do solo pelas plantas. Uma das formas mais tradicionais de se mensurar a compactação do solo é por meio na análise da resistência do solo à penetração (RP).
Figura 1. Correlação entre o volume de raízes de soja (cm.cm-3) e a resistência do solo à penetração (MPa), na profundidade de 5–15 cm no sistema de plantio direto compactado para as cultivares Embrapa-4 ( ∆ ) e BR-16 ( ● ).
Fonte: Cardoso et al. (2006)
Conforme Observado por Beulter e Centurion (2004), e medida em que ocorre o aumento da compactação do solo, tem-se a redução da produtividade da soja, sendo que os autores observaram que a partir de 0,85 MPa e redução da densidade radicular de 18% já é possível observar perda significativa de produtividade da soja.
Figura 2. Relação entre a resistência à penetração e a produtividade de soja.
**Significativo a 1% de probabilidade
O que fazer para ter uma boa estrutura do solo?
Melhorar a estrutura de um solo é um processo complexo e demorado que exige um conjunto de práticas que possibilitem além da melhoria da estrutura, a manutenção dela. Com relação a compactação do solo, ela pode ser trabalhada de forma mecânica por meio da utilização de escarificadores ou subsoladores, ou biológica através da rotação de culturas e cultivo de plantas com denso sistema radicular e apropriadas a descompactação do solo, a exemplo do nabo-forrageiro (Raphanus sativus L.), planta que apresenta uma elevada habilidade em descompactar o solo em virtude das características do seu sistema radicular.
Conforme observado por Reinert et. al, (2008) solos com densidade superior a 1,85 Mg.m-3 impõe maiores dificuldades para o crescimento de raízes e plantas como o nabo-forrageiro, mucuna, crotalária e gaundu podem ser utilizadas visando a descompactação do solo, apresentando benefícios superiores a adoção do pousio nas áreas de cultivo.
Figura 3. Raiz de nabo-forrageiro.
Foto: Maria da Penha Angeletti
Além do nabo forrageiro, culturas comerciais como milho, trigo e cevada contribuem com seu sistema radicular para a melhoria da estrutura do solo (figura 4), destacando a importância da rotação de culturas. O cultivo de plantas com vasto sistema radicular além de promover maior infiltração de água no solo, contribui para o aumento da matéria orgânica do solo, a qual desempenha entre outras funções, a função de agente cimentante de partículas, contribuindo para a formação de agregados.
Figura 4. Sistema radicular de diferentes espécies de plantas.
Fonte: Mais Soja
Logo, a rotação de culturas e a produção de matéria seca em abundância e de qualidade é tão importante para a boa estrutura do solo e formação de agregados quando sua textura propriamente dita. Outras alternativas como o tráfego controlado de máquinas e o cultivo de plantas com potencial em descompactar o solo nas principais linhas de tráfego de máquinas também podem contribuir para a manutenção da qualidade estrutural do solo.
Assim como os fatores citados anteriormente, a adequada cobertura do solo também exerce alta influência na qualidade estrutural dele, uma vez que uma cobertura abundante pode promover proteção ao solo contra erosões superficiais, impedindo a perda de sedimento e com eles partículas de solo, especialmente nas camadas superficiais.
Em meio a tudo isso, cabe destacar que a qualidade estrutural do solo é difícil e demorada de se conseguir, mas rápida de se perder, logo, deve-se destinar cuidado especial a esse elemento tão importante para a agricultura.
Referências:
BAULTER, A. N.; CENTURION, J. F. COMPACTAÇÃO DO SOLO NO DESENVOLVIMENTO RADICULAR E NA PRODUTIVIDADE DA SOJA. Pesq. agropec. bras., Brasília, v.39, n.6, p.581-588, jun. 2004.
CAPECHE, C. L. NOÇÕES SOBRE TIPOS DE ESTRUTURA DO SOLO E SUA IMPORTÂNCIA PARA O MANEJO CONSERVACIONISTA. Embrapa, Comunicado Técnico, n. 51, 2008.
CARDOSO, E. G. et al. SISTEMA RADICULAR DA SOJA EM FUNÇÃO DA COMPACTAÇÃO DO SOLO NO SISTEMA DE PLANTIO DIRETO. Pesq. agropec. bras., Brasília, v.41, n.3, p.493-501, mar. 2006.
EMBRAPA SOILS. PROPRIEDADES DO SOLO: CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS DO SOLO.
REINERT, D. J. et al. LIMITES CRÍTICOS DE DENSIDADE DO SOLO PARA O CRESCIMENTO DE RAÍZES DE PLANTAS DE COBERTURA EM ARGISSOLO VERMELHO. R. Bras. Ci. Solo, 2008.
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