Como potencializar o processo de fotossíntese no campo?

Chegamos ao quarto e último artigo sobre a nossa série especial “O estresse está no ambiente”. No texto de hoje, vamos falar sobre um assunto muito importante: como potencializar o processo de fotossíntese no campo

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Em primeiro lugar, é importante lembrarmos de um famoso provérbio que diz que a agricultura é a arte de colher o sol. Ou seja, a partir do fornecimento de energia do ambiente, a luz solar, e dos recursos presentes no solo e no ar, as plantas crescem, se desenvolvem, produzem frutos, flores, raízes e os produtos que nós utilizamos como alimento. 

Sabendo da importância da fotossíntese, vamos entender de que forma podemos atuar para maximizar esse processo e aumentar a produtividade em sua lavoura? Continue lendo e confira. 

Os fatores estressantes no processo de fotossíntese

Todos nós sabemos que a planta é um organismo fixo, imóvel. Por isso, ela está sujeita a grandes variações dos fatores ambientais, que afetam diretamente seus processos fisiológicos. 

Dentre os principais estresses do ambiente a que a planta está submetida, hoje vamos destacar os 4 mais importantes: a temperatura do ar, a radiação solar, quantidade de água, de nutrientes presentes no solo.

Como acelerar o processo de fotossíntese

Temperatura

Assim como nós, seres humanos, temos uma temperatura corpórea ideal para nossos processos fisiológicos, as plantas também possuem. Culturas como a do milho, cana-de-açúcar e sorgo apresentam uma faixa ótima de temperatura entre 28ºC e 34ºC. Enquanto isso, plantas como soja, feijão e citros, por exemplo, performam melhor entre os 25ºC e 28ºC. 

Isso quer dizer que quando a temperatura do ar está fora dessa faixa (seja para mais ou para menos), a eficiência fotossintética passa a ser reduzida. E por que ter isso em vista é tão importante?

Bom, no Brasil é muito comum que ao longo do ciclo de uma cultura as temperaturas do ar podem chegar a 40ºC no verão ou a valores próximos de 0ºC no inverno. Essas variações naturais de temperatura afetam consideravelmente o processo de fotossíntese das plantas e, consequentemente, a produtividade potencial das culturas.

Radiação solar

Um segundo fator que afeta diretamente a fotossíntese é a radiação solar. Plantas de soja, feijão e citros, por exemplo, necessitam de uma intensidade de luz de 800 PAR para atingir sua fotossíntese máxima. Por outro lado, o milho, o sorgo e a cana-de-açúcar não possuem um ponto de saturação de luz definido. Porém, utilizamos como referência a faixa de 1500 PAR para que essas plantas atingem cerca de 90% da sua capacidade fotossintética.

Em condições de campo, é comum observarmos a ocorrência de baixa radiação solar em dias nublados no período das chuvas. Isso reduz consideravelmente o ganho diário de fotoassimilados na planta e, consequentemente, o teto produtivo de uma lavoura quando essas condições climáticas estendem-se por vários dias.

Fazendo novamente uma análise atenta ao gráfico 1, percebemos que as culturas de feijão, soja e citros recebem por cerca de 8 horas diária a quantidade de luz necessária para a maximização da fotossíntese no período do verão, considerando um dia de céu claro. Por outro lado,culturas como milho, cana e sorgo recebem por cerca de 6 horas diárias a luz necessária para maximização do processo fotossintético.

Água e minerais

O terceiro e último fator que podemos citar aqui é a questão da água e dos minerais presentes no solo. Sabemos que a distribuição de H²O no solo varia tanto temporal quanto espacialmente, e a falta deste recurso é considerado o  principal agente estressor para as plantas, independentemente da cultura. Lembrando que, para que a planta cresça é necessário ter água disponível no ambiente, pois sabemos que cerca de 90% da composição da planta viva é água.

Por fim, embora correspondam a apenas 4% da composição das plantas, os elementos minerais que conhecemos como nutrientes são de extrema importância em todos os processos fisiológicos, lembrando do conceito de essencialidade de um nutriente para a planta, sem o qual ela não completa seu ciclo

É claro que estes quatros fatores por si só são capazes de afetar o processo fotossintético das plantas. No entanto, é comum a ocorrência concomitante de agentes estressores ao longo do ciclo de vida de uma planta em uma cultura.

Por exemplo: a ocorrência de veranicos prolongados geralmente ocorre em um período de elevada temperatura e radiação solar, e a redução da quantidade de água nesse período reduz a fotossíntese das plantas, ao mesmo tempo em que elas aumentam seus gastos metabólicos para atenuar o estresse abiótico. Somado a isso, sabemos que em condições de falta de água a absorção de nutrientes do solo torna-se também prejudicada, podendo induzir a uma deficiência nutricional momentânea para as plantas.

Fatores internos

Não são apenas os fatores externos que afetam o processo fotossintético das plantas. Isso porque ele é um processo autorregulado endogenamente (internamente) em função da demanda de carbono pelos tecidos em crescimento e desenvolvimento da planta. 

Isto é, uma planta que está em pleno crescimento demanda grande quantidade dos açúcares produzidos na fotossíntese. Essa elevada demanda estimula e acelera o processo em si. No período reprodutivo, por exemplo, a elevada demanda por energia estimula  a fotossíntese, e, por isso, as plantas ficam ainda mais sensíveis aos fatores estressantes do ambiente.

Para concluir, podemos dizer que a produtividade de uma planta é igual a tudo que ela produz de alimento (no caso, o açúcar produzido durante a fotossíntese) menos o que ela gasta para manter-se viva e para crescer e menos o que ela gasta para se defender dos estresses a que ela está submetida. 

Quais são os fatores da planta que afetam a fotossíntese

Erros comuns

Antes de entrarmos nas dicas práticas de como potencializar o processo de fotossíntese para maximizar a sua produtividade, vamos analisar alguns erros muito comuns em lavouras espalhadas pelo Brasil?

Começando pela água: no nosso país, é comum observar em várias regiões a presença de erosão, solo compactado, solo desestruturado ou ainda a presença da fertilidade apenas na superfície. Em um solo com esses tipos de problemas a planta não conseguirá acessar a água e nutrientes e, com isso, o processo fotossintético ficará comprometido. 

Além disso, é importante lembrarmos que o nitrogênio é fundamental para todo e qualquer tipo de cultura. Afinal, é através dele que a folha forma o pigmento conhecido como clorofila que capta a luz solar para converter o CO2 em açúcar. Nos dias de hoje, muitas análises foliares tem mostrado alta deficiência de nitrogênio nesses tecidos. E esse é um erro muito comum, mas que atrapalha todo o processo de fotossíntese das plantas. Ocorre ainda que muitas vezes focamos apenas nos nutrientes fósforo e potássio, por exemplo, mas nos esquecemos do manganês, que é super importante para que a planta aproveite a luz da melhor forma. 

Perda foliar e distribuição

A questão da perda da área foliar também merece um destaque especial. O que vemos hoje é que muitos agricultores entram um pouco tarde com aplicação de fungicida para controlar doenças. E quando ele entra tarde, é provável que a doença já tenha atacado as folhas. E isso faz com que ela perca sua função primordial, que é produzir açúcar. É por isso que o manejo da doença deve ser sempre preventivo para que as folhas se mantenham sadias e funcionais. 

Por fim, não podemos esquecer da importância de ter plantas bem distribuídas na área. A população adequada de plantas maximiza a captação da luz pela cultura, visto que uma má distribuição de plantas gera competição por luz e, consequentemente, a redução da atividade fotossintética das folhas.

Erros comuns e o que pode ser melhorado

Como maximizar o processo de fotossíntese

Sabendo que o processo por trás do crescimento e produtividade das culturas é a fotossíntese, e conhecendo os fatores que afetam esse processo, fica a dúvida: como manejar a planta para conseguir na prática incrementos na produtividade?

Aqui, vamos destacar 3 pontos essenciais, seja qual for a lavoura. 

Acessar a água

Em primeiro lugar, precisamos lembrar que é muito importante segurar a água em sua área cultivável. Por isso, é fundamental fazer a conservação do solo de maneira adequada, ter um solo bem estruturado e com matéria orgânica no sistema, que ajuda ainda mais na retenção da água no solo.

Assim, o sistema radicular da sua lavoura terá a capacidade de explorar o maior volume possível do solo e maximizar a eficiência da planta. A partir do momento em que o produtor maneja bem o solo e a planta passa a ter acesso à água, ganha-se muito em segurança nos períodos de veranico. Isso porque é através da água que a planta se refrigera e isso a ajuda tolerar altas temperaturas. Esse com certeza é um ponto-chave para o sucesso do seu negócio.

Colher a luz

Quanto a luz, é preciso que você tenha uma área foliar com sanidade, folhas ativas, estar com a quantidade de clorofila e da enzima rubisco em dia. E neste ponto é super importante trabalhar da melhor forma o nitrogênio, o magnésio e o manganês.

Lembre-se também de que a formação dessas proteínas envolvidas no processo de captação de luz e transformação do CO2 em açúcar depende do equilíbrio hormonal adequado. Hormônios como citocinina e giberelina estão associados à formação e manutenção da enzima rubisco e do pigmento clorofila nas folhas.

Transformar CO²

Por último, é preciso que a planta consiga transformar gás carbônico em açúcar e redistribua-o por toda a planta da melhor forma. Além do nitrogênio, outros nutrientes são muito importantes no processo de transporte dos açúcares nos diferentes tecidos da planta, como o boro, o zinco, o magnésio e o potássio.

Conclusão

O que nós do campo precisamos ter em mente é que a planta é modular. Ou seja, dia a dia ela se desenvolve, uma nova parte da planta é formada. Isso é dinâmico!

E se a gente entender que em cada fase da vida dela nós podemos manejá-la para que ela faça o que precisa ser feito da melhor forma, teremos mais chances de aproveitar todos esses recursos. Com isso, podemos deixar de depender de fatores que não temos o controle, como o clima, os preços, o câmbio, etc. 

Uma boa ideia neste momento é contar com a ajuda de um profissional especialista que tenha o conhecimento ideal para te ajudar em todas as fases. E o nosso time aqui da Stoller está pronto para enfrentar os desafios lado a lado com você, produtor. Clique aqui e encontre o especialista mais próximo da sua lavoura! 

Quer saber mais?

Confira o episódio abaixo, no qual o especialista Bernado Frizzo a fotossíntese das folhas e como esse processo é importante no desenvolvimento da planta:

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